São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 1997
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Romancista francês diz que escrever é renunciar à vida real

CECÍLIA SAYAD
DA REDAÇÃO

Segundo o romancista francês Philippe Le Guillou, o escritor de obras de ficção mantém uma relação conflituosa com a realidade.
Ganhador do prêmio literário francês Mediterranée em 1990, pelo romance "La Rumeur du Soleil", o autor (que não tem nenhum de seus oito livros publicado no Brasil) discorreu sobre a criação literária no Café Filosófico da Livraria Cultura anteontem.
"Se o escritor se sentisse bem no mundo real, não escreveria", afirmou Le Guillou.
Para o francês, a obra de ficção pode nascer a partir de um espaço geográfico, de um título ou de uma emoção, e consiste numa renúncia à realidade. "Quando começamos a escrever, renunciamos, de certa maneira, à vida real. Escrever um livro toma muito tempo."
Quanto à questão da inspiração, Le Guillou disse que ela tem origem em dois elementos.
"A fonte de criação de um escritor reside em uma terra e em uma biblioteca", disse, para explicar que, para ele, a terra é a Bretanha (França), onde nasceu, e a biblioteca é o conjunto de livros que leu.
O aspecto geográfico, aliás, está presente no trabalho de Le Guillou de uma forma bem particular.
"No início do processo de escrita de um romance, desenho uma espécie de mapa que é a geografia dos locais por onde vão passar meus personagens", disse.
Não que isso signifique total controle do autor sobre o conteúdo de sua obra. "Não domino essa geografia. Se a dominasse, escrever não seria interessante", explicou Le Guillou, que acaba de ter seu último romance, "Les Sept Noms du Peintre", publicado pela editora francesa Gallimard.

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