São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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CPI confirma repasse 'iníquo' a entidades

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A informação foi repassada ontem à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembléia Legislativa de São Paulo que investiga o esquema de sorteios pela TV criado a partir de dezembro de 1996, a propósito de arrecadar fundos para instituições beneficentes.
Segundo o presidente da CPI, deputado José Carlos Tonin, líder do PMDB na Assembléia, os 277 sorteios arrecadaram R$ 72 milhões em ligações telefônicas, mas só R$ 2,8 milhões foram efetivamente repassados às Apaes.
O dado recebido pela CPI confirma levantamento da Folha de que as Apaes têm ficado com apenas 5% da arrecadação, depois de deduzidos os 15% cobrados pela Embratel pelo uso do sistema 0900.
A Federação Nacional das Apaes, presidida pelo secretário do Trabalho e Assistência Social de Minas Gerais e deputado federal (PSDB-MG, Eduardo Barbosa, centraliza os sorteios.
A federação tem contrato com o consórcio Teletv, de São Paulo, para administrar os sorteios realizados na Globo, SBT, Manchete e CNT. O contrato estipula o percentual de 5%.
Para o deputado Tonin, essa cláusula do contrato é "iníqua e abusiva" e coloca as Apaes em "desvantagem exagerada".
Segundo ele, dos R$ 72 milhões apurados nos 277 sorteios em nome das Apaes, cerca de R$ 52 milhões foram consumidos em gastos com publicidade, mídia, cachês de artistas, produção e administração dos concursos.
Até aquele momento, a soma dos recursos repassados às entidades estava em R$ 1,37 milhão, o que dava também uma média de R$ 10 mil por Apae. Ou seja, as instituições receberam menos do que o valor dos prêmios sorteados.
Cada automóvel Mercedes-Benz sorteado semanalmente no programa de Hebe Camargo (SBT), por exemplo, custa R$ 55 mil.

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