São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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Ofensiva das empresas

CARLOS DE SOUZA TOLEDO

Com o intuito de repor a verdade, queremos prestar os seguintes esclarecimentos a propósito do artigo do presidente do Transurb, Wilson Maciel Ramos, publicado ontem (Cotidiano, pág. 3-2).
1) O artigo e as iniciativas tomadas nos últimos dias pelo Transurb fazem parte de uma ofensiva dos empresários de ônibus em razão da proximidade do final de outubro, quando, conforme protocolo por eles assinado, terão de apresentar à prefeitura sugestões que reduzam custos de operação do sistema de ônibus da capital.
2) Esses empresários já nos entregaram suas sugestões. As 490 propostas apresentadas, se implantadas, representarão uma redução global de R$ 600 mil por mês -irrisório 0,42% de redução de custos, já que o sistema arrecada R$ 140 milhões mensais.
3) Dentre as sugestões, propõem explorar o sistema de microônibus a ser implantado em 1998. Querem fazê-lo dentro do contrato que já têm com a prefeitura -ou seja, ganhar o novo mercado, concorrer com lotações e continuar subsidiados pelo poder público. Rejeitamos a proposta. Faremos concorrência pública, abrindo o novo sistema à participação de autônomos organizados em cooperativas.
4) Ramos diz que as empresas modernizaram a administração, instituíram programas de qualidade e cursos para funcionários, renovaram frotas e se esforçam para se integrar às comunidades que atendem. Nenhuma dessas iniciativas partiu das empresas. Foram impostas pela prefeitura, gerenciadora do sistema pela SPTrans.
5) Os empresários não perceberam que seus clientes queriam um serviço diferenciado, em que não fossem transportados de pé, parando em tudo quanto é ponto. Não se esforçaram "para se integrar às comunidades". Perderam 300 mil passageiros/dia para o sistema de peruas de lotação.
Não cumprem nem os horários: de janeiro a setembro de 97, a SPTrans aplicou 27.999 multas às empresas por irregularidades -1.525 apenas em setembro, 902 das quais por não cumprirem horários de partidas de ônibus.
6) Diante do fato consumado -perueiros nas ruas e evasão de passageiros-, o que têm feito os empresários? Acomodados por uma espécie de reserva de mercado, correm à prefeitura para dizer: há perueiros na rua, fiscalizem, proíbam a circulação deles, queremos aumento de remuneração.
7) Nunca se investiu tanto em transportes públicos como nos últimos cinco anos. Construímos ou reformamos oito terminais urbanos e seis corredores de ônibus. Há contratos para mais 11 terminais e seis corredores em 98, além da implantação da primeira linha do fura-fila, ligando o Sacomã ao parque D. Pedro, que funcionará no segundo semestre do ano que vem.

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