São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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Oponentes trocam acusações em Jerez

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
ENVIADO ESPECIAL A JEREZ DE LA FRONTERA (ESP)

Eles ainda não estão se xingando. Mas, ontem, em Jerez de La Frontera, Michael Schumacher e Jacques Villeneuve provaram que falta pouco para isso acontecer.
Os rivais na disputa do título mundial de F-1, à véspera do primeiro dia de treinos para o GP da Europa, que decide o campeonato, neste fim-de-semana, na Espanha, mantiveram a pose apenas durante a entrevista coletiva promovida pelos organizadores da corrida.
Longe dos microfones, no entanto, nenhum dos dois resistiu. E as acusações fluíram.
A começar por Villeneuve, que classificou a súbita ascensão técnica ferrarista como algo "difícil de ser explicado" -a escuderia italiana vem sendo acusada de portar recursos eletrônicos ilegais em seus carros.
Schumacher se enfureceu com a insinuação, transmitida por jornalistas alemães. "São rumores estúpidos de maus perdedores. Tenho experiência com essa gente. Deveriam fechar suas bocas para não engolir poeira. Ela pode sufocá-los e matá-los", declarou.
Nas entrelinhas, o alemão deixava a entender que Villeneuve e a Williams também estão trabalhando no limite do regulamento.
Durante a entrevista, a qual Schumacher chegou nervoso e 14 minutos atrasado ("por culpa do tráfego aéreo na Alemanha"), Villeneuve fez questão de enfatizar a qualidade de seu equipamento.
"Testamos muito neste circuito, que é favorável às características de nosso carro. Só precisamos de uma boa posição na classificação. Ultrapassar é quase impossível."
Uma evidente defesa de sua tese, a de que apenas algo "suspeito", como diria mais tarde, seria capaz de fazer as Ferraris andarem mais do que o seu Williams.
Perplexo
Schumacher respondeu com uma verdadeira apologia à evolução da escuderia de Maranello. "Nas últimas semanas, crescemos mais do que no ano inteiro. Não acreditava que isso fosse possível. Mas aconteceu", disse.
"No último teste, por exemplo, conseguimos ganhar dois décimos de segundo", ratificou.
Ao seu lado, Villeneuve mostrava-se perplexo, com a clara intenção de denotar o conteúdo demagógico do discurso que ouvia.
O canadense chegou, inclusive, a rir quando Schumacher afirmou não ter certeza que seu companheiro, Eddie Irvine, havia bloqueado o piloto da Williams no GP do Japão, há 12 dias.
Em um dos poucos momentos de sintonia entre os dois, ambos condenaram a possibilidade de um acidente decidir o título.
Mas, sem a audiência do rival, Villeneuve declarou: "Meu único medo é ser tirado da pista".

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