São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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Corinthians programa novo exílio

LUIZ CESAR PIMENTEL

LUIZ CESAR PIMENTEL; ALEXANDRE GIMENEZ; SÉRGIO RANGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Equipe de Joel Santana planeja transferir para Londrina (PR) os dois jogos que lhe restariam em São Paulo

ALEXANDRE GIMENEZ
Para evitar provável pressão da torcida na luta para fugir do rebaixamento, o Corinthians aventa a possibilidade de jogar em Londrina (PR), a 528 km de São Paulo, as duas últimas partidas que lhe restariam em casa no Brasileiro.
O time tem programado para São Paulo enfrentar o Sport (dia 1º de novembro), que, como o Corinthians, luta para fugir do rebaixamento, e o Flamengo (dia 4), que tenta a classificação para a fase seguinte do torneio.
Fora de São Paulo, o time de Joel Santana enfrenta o também "desesperado" Goiás, no dia 9.
O time já utilizou a tática de permanecer afastado da torcida nos dois últimos jogos. Após ser derrotado pelo Cruzeiro, no sábado, o time permaneceu em Minas Gerais até a véspera da partida contra o Fluminense, no Rio, anteontem.
Catatonia
A passos firmes, sem dobrar a cabeça para responder, o presidente do Corinthians, Alberto Dualib, limitava-se a murmurar "nada" a todas as perguntas que lhe eram feitas no desembarque em São Paulo, na madrugada de ontem, após a derrota.
Previsão de troca da comissão técnica, preocupação com o risco do rebaixamento, tudo era respondido com o enfático "nada". Reflexo da catatonia que dominou o ambiente corintiano após a quarta derrota seguida no torneio e que deixou o time em situação muito delicada na competição.
"Basta ganhar tudo em São Paulo", concluiu Dualib à saída do aeroporto de Guarulhos.
As contas do treinador corintiano são mais otimistas.
"Só dependemos de nós. Acho que, com quatro pontos, nós saímos dessa situação", afirmou.
"Mas se nós ganharmos pelo menos seis, estamos totalmente fora de risco", completa o gerente de futebol Paulo Angioni.
O otimismo de Joel nas contas não se reflete na sua avaliação do time dentro de campo.
"Se nós não tivemos força para vencer o Fluminense, a gente vai ganhar de quem?", questionou o técnico em entrevista à rádio Bandeirantes após a partida.
Se o time não tem forças para ganhar de ninguém, como conseguir os quatro pontos?
"Temos que ter equilíbrio emocional. Agora temos que olhar para a frente, para cima, nunca para baixo", concluiu Joel.
Equilíbrio emocional que foi tentado com a contratação da psicóloga Fátima Fracon, segunda-feira, e que na terça passou aos atletas vídeo para ilustrar um momento de superação, estrelado pelo pugilista Mike Tyson.
"Ela é psicóloga, não é mágica. Veio dar um reforço e fazer um trabalho mais a longo prazo. É que no momento de adversidade, qualquer coisa nova, as pessoas passam a encaixá-la como salvador da pátria", afirmou Angioni.
Após a partida, a psicóloga também demonstrou nervosismo.
"Temos que trabalhar", disse, sem explicar quais métodos usará.
Fracon não quer mais dar entrevistas. A psicóloga teme que os jogadores pensem que ela esteja querendo aparecer à custa do time.
Entre os jogadores, após a derrota, cada um tinha a própria receita para reverter a posição negativa.
"Todos precisam jogar bem. A bola não chega ao ataque. Quando chega, é lenta", afirmou Edílson, justamente um dos responsáveis pela ligação do meio com o ataque.
Já o volante Gilmar aventa qualquer possibilidade para o time não ser rebaixado, até mesmo o "jeitinho brasileiro".
"Vamos ver o que vai acontecer. O Fluminense deveria estar rebaixado. Não está", afirmou.
Descenso
Uma série de recursos deverá ser impetrada no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) para tentar tirar os cinco pontos do Atlético-PR no final da primeira fase do Campeonato Brasileiro.
A informação foi dada ontem pelo advogado do clube paranaense, Antônio Augusto Alves de Souza.
Ele garante que os pontos não poderão ser retirados para critério de rebaixamento, mas teme que os clubes ameaçados de cair para a segunda divisão usem essa estratégia para se manter na competição.
O Atlético-PR, que teve o presidente Mario Celso Petraglia envolvido no escândalo da arbitragem, soma 26 pontos e ocupa a 15ª colocação no campeonato.

Colaborou Sérgio Rangel, da Sucursal do Rio

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