São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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Gilbert & George, 30 anos bizarros

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Há 30 anos, desde que se conheceram em Londres, Gilbert Proesch e George Passmore se tornaram uma só pessoa: Gilbert & George. E desde então surpreendem o mundo com auto-retratos, fotografias de situações corriqueiras, muitas cores e com a negação do conceito de criação individual na arte.
O casamento da dupla foi comemorado há pouco com uma mostra de trabalhos recentes em duas galerias de NY, a Sonnabend e a Lehmann Maupin, em que mostraram trabalhos compostos com imagens de cuspe, urina, sangue, fezes e deles próprios.
Gilbert & George justifica o uso desses materiais como uma tentativa de romper a alienação do homem diante da sua própria natureza e de seu preconceito contra imagens e materiais. Os trabalhos apresentam uma rigidez formal, compostos em enormes quadrados, que lembram gigantescos mosaicos multicoloridos.
Até 4 de janeiro de 1998, o Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris abriga uma retrospectiva da dupla, com referências mais explícitas ao seu universo homoerótico.
Em novembro, a galeria Thaddaeus Ropac, também em Paris, mostra as obras recentes do casal.
O Brasil deve ver a produção de Gilbert & George em 1998. São Paulo é uma das quatro escalas de uma mostra itinerante pela América do Sul, que toca ainda Venezuela, Argentina e Chile.
Seus primeiros trabalhos eram livros de fotografias e cartões enviados a amigos. Os anos 60 eram propícios a essa intensificação da relação entre a arte e vida.
Nos EUA, a arte pop utiliza em sua iconografia elementos do cotidiano e da cultura de massa, e a "land art" usa a própria natureza como material e espaço expositivo. Na Itália, a arte povera vincula definitivamente arte e ideologia ao utilizar materiais sem valor comercial em seus trabalhos.
Gilbert & George se move no terreno do ambíguo. Ao mesmo tempo que a sexualidade é o tema mais recorrente, espiritualidade e religiosidade também comparecem ao universo blasfemo, escatológico, idílico e perfeito da dupla, em que as barreiras do real e da representação se dissolvem.

LEIA MAIS sobre a dupla à pág. 4-5

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