São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997 |
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Casa psiquiátrica cria Espaço Artaud Centro debate obra de escritor CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
A iniciativa é da Casa Freud, uma clínica que se propõe a acabar com o estigma que atinge não só o paciente, como os funcionários e as instituições psiquiátricas. Segundo o psiquiatra Musso Greco, da Casa Freud, Artaud, que foi paciente psiquiátrico, pretendia transformar a vida e a realidade em arte. "Para Artaud, a arte é louca, se a considerarmos como um processo criador independente, capaz de opor-se aos padrões enraizados da cultura", afirma Greco. A programação do Espaço Artaud foi lançada na semana passada com a abertura de uma mostra coletiva de música, artes plásticas, literatura, vídeo e teatro. Durante o lançamento, estava prevista uma leitura de textos do escritor. Greco explica que o espaço já funcionava desde o início do ano, com poucas oficinas. A partir de novembro, ele inicia as atividades normais, com um número maior de eventos. No próximo mês, será realizado um ciclo de debates sobre a obra e os temas presentes nos textos de Artaud. Para abril do ano que vem, está prevista a realização da Semana Bispo do Rosário, que vai realizar mesas redondas sobre o artista plástico, cuja obra foi realizada em um manicômio do Rio. Serão oferecidas ainda 15 oficinas de criação em artes plásticas, arte utilitária, literatura, música, fotografia, vídeo, rádio, reciclagem e expressão corporal. Para participar, não é necessário ser psiquiatra ou paciente. Segundo os organizadores, o objetivo é atender a toda a comunidade da cidade, incluindo a clientela de instituições de tratamento psiquiátrico. A obra deixada por Artaud não se limita a poemas e peças de teatro. Ele também escreveu uma ópera e um monólogo para rádio, foi roteirista e ator de cinema e deixou centenas de cartas que ainda estão sendo estudadas. Nos anos 30, concebeu o Teatro da Crueldade, onde atores e platéia participariam do espetáculo. Foi internado no final da vida e morreu em seu quarto de hospício, em um subúrbio de Paris, em 4 de março de 1948. Texto Anterior: "Duas Mãos" exala cheiro da casa da avó Próximo Texto: Baiocchi satiriza a "mexicanização" Índice |
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