São Paulo, sábado, 25 de outubro de 1997
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Servidores 'fantasmas' ressurgem em AL

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O último dia de recadastramento dos 3.150 servidores da Assembléia Legislativa de Alagoas foi marcado pela presença de socialites, empresários, vereadores, fazendeiros e parentes de deputados.
No recadastramento, os servidores estão recebendo um cartão magnético que será usado para controlar a presença no trabalho. É uma tentativa da mesa diretora de reduzir gastos pagando apenas àqueles que realmente trabalham.
Acostumados com a impunidade e com o apadrinhamento político, os fantasmas nem sequer se preocuparam em aderir ao programa. Pouco mais da metade dos servidores cumpriu a obrigação de se recadastrar dentro do prazo.
"Se os funcionários voltarem todos ao trabalho não haverá local para eles trabalharem", afirmou o procurador-geral da Assembléia, Mendes de Barros.
Barros tem o maior salário líquido do serviço público alagoano, recebendo por mês R$ 16.100. Com 40 anos de trabalho na Assembléia, ele diz que a medida do ponto eletrônico não é eficaz. E explica:
"Não dá para exigir que eles trabalhem se não derem um serviço para eles, local para sentarem, porque eles poderão recorrer para voltar para casa por falta de condições de trabalho", afirmou.
O presidente da Assembléia diz que não pode demitir os servidores porque eles são estáveis ou comissionados.
João Netto já sabe como resolver o problema de superlotação de servidores na Casa. Ele pretende "emprestar" os fantasmas para outros órgãos públicos.
"Para funcionar bem, precisamos de apenas 700 pessoas. O restante vou emprestar para setores do governo que estejam necessitando. Ninguém ficará sem trabalhar", afirmou.
O presidente conta que quando assumiu o cargo havia 5.300 funcionários. Ele diz ter reduzido os gastos com funcionalismo de R$ 6,5 milhões para R$ 4,2 milhões com a saída de 2.750 pessoas.
Esses servidores foram demitidos por estarem irregulares ou terem se alistado no PDV (Plano de Demissão Voluntária) financiado pelo governo federal.
Os cortes atingiram os 27 deputados, que recebem, por mês, R$ 6.500, mais verba de gabinete de R$ 13 mil e R$ 28 mil para o pagamento dos 30 funcionários de confiança a que cada um tem direito.
Os deputados perderam carros oficiais, cota de combustível, passagens aéreas, pagamento das contas de telefone, além da compra de materiais de escritório para seus gabinetes.

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