São Paulo, sábado, 25 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Convocação opõe FHC a parlamentares

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A convocação extraordinária de deputados e senadores em janeiro está opondo o presidente Fernando Henrique Cardoso aos principais líderes do Congresso Nacional.
Ninguém no Congresso quer assumir o desgaste político pela convocação, que pode custar R$ 9,5 milhões aos cofres públicos só com o pagamento de salários extras, sem que a votação das reformas administrativa e previdenciária seja concluída.
Para o governo, a convocação do Congresso para votar as reformas constitucionais esconderia a reedição de medidas provisórias.
A cada 30 dias, o governo reedita medidas provisórias que não foram votadas pelo Congresso. Durante o recesso parlamentar, a reedição vai obrigar a convocação do Congresso em cinco dias, de acordo com a Constituição (artigo 62).
O poder ilimitado do presidente em reeditar MPs é um dos principais problemas entre FHC e o Congresso. O recesso vai de 16 de dezembro a 15 de fevereiro.
Parlamentares também consideram que a convocação renderia mais um ponto ao presidente: FHC poderia dizer que fez a sua parte convocando o Congresso, mas que os parlamentares não fizeram a parte deles.
Os presidentes da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), já afirmaram publicamente que não vão tomar a iniciativa de convocar o Congresso.
O principal motivo é que não haveria projetos para votar no período extraordinário. As reformas estariam contando prazos nas comissões e não haveria tempo para serem votadas em plenário.
"Seria extremamente oneroso para o Congresso, e a opinião pública não compreenderia", afirmou Temer.
Cada parlamentar tem direito a uma ajuda de custo equivalente a dois salários -R$ 16 mil brutos- durante o período extraordinário. A ajuda de custo é paga no início e no final da convocação.
Líderes de partidos que apóiam o governo também discordam da convocação. O desgaste político poderia refletir nas eleições de 98, frustrando as expectativas eleitorais dos parlamentares.
"As matérias que poderiam ser analisadas na convocação são polêmicas e poderíamos terminar o período extraordinário sem votação alguma", afirmou o líder do PTB, Paulo Heslander (MG).
"Temos que cumprir nosso papel em período normal de trabalhos. Sou contra a convocação, ela vai provocar desgaste político do Congresso", afirmou o líder do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA).

Texto Anterior: Teles ignoravam mudanças
Próximo Texto: Pertence critica demora na reforma do Judiciário
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.