São Paulo, sábado, 25 de outubro de 1997
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País não é imune à crise, afirma Malan

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que o Brasil não tem "uma total imunidade a todo e qualquer tipo de turbulência". A afirmação foi feita a propósito do ataque especulativo enfrentado por países asiáticos como Tailândia, Indonésia e, mais recentemente, Hong Kong.
Apesar do alerta, Malan disse que a percepção da comunidade financeira que saiu da reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional), em Hong Kong, em setembro, foi a de que existem "diferenças específicas" entre a economia brasileira e as daqueles países que afastam o risco de uma reedição do ataque por aqui.
As afirmações do ministro foram feitas durante palestra sobre a economia brasileira na ESG (Escola Superior de Guerra), na Urca (zona sul do Rio). Ele descartou a possibilidade de mudança na política cambial brasileira.
Após traçar um quadro que diferencia o Brasil dos países em dificuldades e de dizer que na reunião do FMI houve uma "convergência" de opiniões afastando o risco de um ataque, "exatamente nos mesmos termos", no Brasil e em outros países da América Latina, Malan fez o alerta.
"Somos forçados a reconhecer que vivemos no mesmo mundo, pequeno nessa área, integrado, com uma enorme velocidade de ajuste, um enorme volume de recursos, e que, portanto, existem implicações potenciais, sim", disse o ministro.
Resultados
Segundo Malan, o risco é tanto maior quanto o país seja incapaz de mostrar ao resto do mundo que está sendo capaz de equacionar os problemas e que tem um propósito de resolvê-los com resultados. "E nós temos resultados.".
Os resultados, de acordo com Malan, estão no controle da inflação, em quatro anos seguidos de crescimento, nos esforços para reduzir o déficit público e para aprovar as reformas necessárias ao aprofundamento da estabilidade.
Na palestra, Malan procurou mostrar os avanços obtidos pela economia do país desde o início do Plano Real e o que ainda falta fazer para consolidar a estabilidade e melhorar a distribuição de renda.
Ao falar sobre a situação do setor externo, Malan destacou que a principal diferença entre a economia brasileira e as dos países que sofreram recentes ataques especulativos -México (94) e Tailândia- está nos números do déficit em conta corrente (diferença entre entradas e saídas de dinheiro).
Ele disse que no último número do déficit brasileiro (agosto/97), ele estava em 4,2% do PIB (Produto Interno Bruto), e que esse número era de 2,5% em 95 e de 3,3% em 96. O PIB é a soma de todas as riquezas produzidas pelo país.
No México, segundo ele, o déficit em conta corrente estava próximo de 8% quando ocorreu o ataque especulativo. Na Tailândia, o déficit teria sido de 5% a 6% no período 92/94 e "superior a 8%" em 95 e 96.
Além disso, diz Malan, o Brasil tem um programa de privatização que deve render US$ 60 bilhões.

LEIA MAIS sobre as Bolsas nas págs. 2-5 e 2-7

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