São Paulo, sábado, 25 de outubro de 1997
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Que mundo besta!

FERNANDO BONASSI
ESPECIAL PARA A FOLHINHA

Minha mãe leu no jornal que o número de pobres do mundo está crescendo a cada dia. Quer dizer, cada vez mais gente passa fome por aí.
Eu fiquei pensando nisso. Lembrando que, às vezes, chega perto da hora do almoço, e eu fico com muita fome.
Tem dias que eu nem agüento esperar o almoço!
O que eu faço nessas horas é comer um pedaço de pão com queijo, alguma coisa pra enganar o estômago. Fome dói. Com fome eu não consigo pensar em nada bom.
Pra falar a verdade, com fome eu não consigo nem pensar! E o que é terrível com esse pessoal que passa fome no mundo é que eles não passam a fome que eu passo. Essa que eu posso enganar com um pão porque eu sei que vem vindo o almoço.
Essas pessoas pobres passam fome sempre. Elas não têm pão pra enganar, muito menos esperam um almoço que vem depois.
Todo dia elas não conseguem pensar nada bom. Todo dia, pra elas, é só a dor da fome. Eu acho que nem posso imaginar isso, de tão ruim que é.
Pensar que tem tanta gente comendo e tanta gente passando fome é difícil entender. Que a gente deixe isso acontecer, que ninguém veja um jeito de dividir as coisas pra todo mundo me deixa mais do que triste. Me deixa com raiva. Todos que têm bastante coisa devem pensar num jeito de dividir com quem não tem, porque, senão... senão... ué, que mundo besta é esse?

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