São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997
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Dor

TELÊ SANTANA

Continuo impressionado e apavorado com as cenas de violência da torcida do Corinthians. Aquelas imagens do ônibus depredado continuam na minha cabeça e, por isso, resolvi voltar ao assunto.
Gostaria até que todos os corintianos lessem este artigo. Antes de ser jogador e treinador, eu fui torcedor. E daqueles que vibravam e choravam pelo time.
Eu nem saía de casa quando o time perdia, para não ser vítima de gozação.
Sei da paixão dos corintianos, mas eles precisam ter tranquilidade nessa hora difícil, após essa nova derrota, agora para o Fluminense.
Digo uma coisa a eles: ninguém quer ganhar uma partida mais do que o jogador, que, se preciso, paga para isso.
Ganhar significa dinheiro e, principalmente, satisfazer o seu ego. O futuro de um atleta depende da vitória. Garanto aos corintianos também que nenhum jogador entra em campo só pelo dinheiro, e que não está havendo corpo mole no time. Eles estão fazendo o possível. Acho que é hora de o torcedor ajudar.
Ajudar como a psicóloga do time estava tentando fazer. O trabalho dela não valeria só pelos três jogos restantes. Era pelo futuro que vem aí.
O psicólogo é uma boa solução desde que não interfira no trabalho do técnico. Com respeito mútuo, a dupla técnico-psicólogo só irá contribuir.
Parece que o Edmundo também está tendo ajuda de uma psicóloga. Bom para ele. Com ótimas atuações, ele só precisa rever de vez seu comportamento fora de campo para voltar a brilhar na seleção.
Ele já merece uma nova oportunidade, desde que não faça mais bobagens dentro de campo. É como eu disse para o Júnior Baiano. Basta ele querer jogar. Ele tem futebol.
Mas eu entendo muito bem a indecisão do Zagallo em chamá-lo novamente. Eu também teria medo.
Ele pode desequilibrar para nosso lado, com seu grande futebol, ou para o outro, sendo expulso.
Além disso, Zagallo tem ótimos opções para o ataque da seleção. Os concorrentes do artilheiro do Campeonato Brasileiro são muitos.

E-mail: tele@gold.com.br

O técnico Telê Santana, 65, escreve na Folha aos domingos

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