São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997
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não deixe o cão banguela

NOELLY RUSSO

Mau hálito? Tártaro demais? Gengivas inflamadas? São sintomas de que é hora de ir ao dentista. Não, não você, mas seu cão.
"Estimamos que 85% dos cães, com idades entre três e cinco anos, já apresentam a doença periodental, causada pela placa bacteriana. No início, ocorre uma gengivite (inflação na gengiva), que evolui para o comprometimento das estruturas que sustentam e protegem o dente, podendo levar à perda deste", diz a veterinária Michele Venturini, especialista em odontologia.
Os cães de menor porte são os mais propensos a desenvolver problemas periodontais. "Eles têm dentes muito grandes em relação ao seu tamanho. Os dentes acabam muito grudados e facilitam o acúmulo de placas."
Michele diz que, como no homem, infecções dentárias são uma ameaça séria à saúde. "As bactérias podem entrar na corrente sanguínea e chegar ao coração, fígado e rins, principalmente", explica.
Para cuidar dos dos pets, o primeiro passo é a prevenção, baseada na escovação diária, com produtos específicos para animais. "O que nem sempre é fácil. Aconselhamos a condicionar o animal desde pequeno, oferecer recompensa após a escovação. Se for um animal adulto, o ideal é colocá-lo sobre uma mesa e começar o processo afagando seu focinho. Só não vale uma recompensa em forma de comida, claro", explica Michele.
A veterinária sugere um passeio ou uma brincadeira como recompensa. "O cão se acostuma que depois de escovar os dentes vem algo que o agrada".
Em sua clínica, já houve casos de animais terem toda os dentes extraídos. "Operei uma cocker de 14 anos. Ela estava prostrada, desidratada, não comia e não brincava, principalmente porque todos os seus dentes estavam comprometidos. Tive de extrair todos os dentes. Depois do período de recuperação, ela engordou 5 kg e voltou brincar", diz Michele. Ela explica que a extração dos dentes não interfere na alimentação. "A gengiva é mais sensível, mas, por dentro, tem ossos, o que facilita a mastigação."
Entre os procedimentos oferecidos pela odontologia veterinária, está a colocação de aparelhos, tratamento de canal, profilaxia e cirurgias maiores e complexas.
No caso dos gatos, com personalidade mais forte e voluntariosa que os cães, a história é bem diferente. "Eles não deixam a escovação. Podem arranhar o dono e precisariam ficar completamente imobilizados para que a limpeza fosse feita. Só tornaria a experiência traumática e gatos aprendem rápido a evitar o que não gostam", diz Michele. A solução são consultas periódicas ao veterinário e tratamentos cirúrgicos. "Com o gato anestesiado, é possível fazer o que se faz com os cachorros", diz.

Odontovet Centro Odontológico Veterinário. rua Hungria, 356, tel. 813-6667.

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