São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Empresas públicas 'estressam' consumidor

RITA NAZARETH
DA REPORTAGEM LOCAL

Demora, telefones que não atendem, filas intermináveis, falta de educação dos funcionários e de soluções. Essas são as principais reclamações dos consumidores que procuram empresas públicas para registrar suas queixas ou, simplesmente, fazer consultas.
Segundo o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), a Telesp (Telecomunicações de São Paulo) e a Eletropaulo (Eletricidade de São Paulo) foram as empresas públicas campeãs em queixas durante o ano passado.
Entre 1993 e outubro deste ano, a Telesp atendeu 59,5% das 1.613 reclamações registradas no Procon. Já a Sabesp e a Eletropaulo atenderam menos da metade das reclamações, 48,7% e 30,6%, de um total de 2.568 e 633 queixas, respectivamente.
Promessas
O engenheiro Gilmar Maniezo afirma que entrou em contato com a Eletropaulo em fevereiro para solicitar a ligação de energia elétrica para seu novo prédio comercial.
Segundo Maniezo, a empresa informou que resolveria a questão em 45 dias. "Já se passaram oito meses e nada aconteceu", diz o engenheiro. Ele conta que procurou a empresa cinco vezes.
A Eletropaulo informa que, como o primeiro estudo não foi suficiente, o serviço atrasou. "Além disso, faltou material", diz Sérgio Madeira, ouvidor da empresa. "Vamos concluir a obra na semana que vem."
Esgoto em casa
O aposentado João Batista de Jesus, que mora em Vila Sara (zona sudeste de São Paulo), também fala sobre o mau atendimento dos funcionários de uma empresa pública de serviços básicos.
Segundo ele, um esgoto entupido estaria alagando por vários dias sua casa.
Ele conta que teve de fazer quatro reclamações protocoladas à Sabesp para que o problema fosse solucionado.
"Lá eles sempre me diziam que estavam tomando as providências cabíveis", diz o aposentado.
Filas intermináveis
O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) fez uma pesquisa com 19 cartórios da Grande São Paulo. Os cartórios são empresas autônomas, mas funcionam sob tutela estatal.
O instituto afirma que o 9º cartório, da Vila Mariana (zona sudoeste), não oferece cadeiras nem senhas e permite que os clientes fiquem em fila por quase uma hora.
"O atendimento preferencial e adequado a idosos, gestantes, deficientes físicos e pessoas com crianças de colo é obrigatório", diz Maria Inês Dolci, advogada do Idec. "Também por isso, locais que formam filas devem oferecer cadeiras."
Por outro lado, Ana afirma que o cartório entrega senhas na fila de autenticação e que este é o serviço mais procurado.
A quem recorrer
Segundo o Código de Defesa do Consumidor, os serviços essenciais (água, luz) devem ser fornecidos de forma contínua.
"Se a empresa não atender às reclamações, o consumidor pode procurar os Juizados Especiais Cíveis, que não cobram pelos serviços", diz Maria Inês. "Se não funcionar, o consumidor pode entrar na Justiça", diz a diretora do Procon Maria Lumena Sampaio.

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