São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Samsung adia investimento em SP

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Samsung resolveu adiar, por tempo indeterminado, a construção de uma fábrica de produtos da linha branca, como freezers e refrigeradores, no Estado de São Paulo.
Cerca de 2.000 empregos deixarão de ser criados, pelo menos por enquanto, na região de Campinas.
Com o enfraquecimento nas vendas e a oferta excessiva de eletroeletrônicos, a gigante coreana resolveu mudar o foco de suas atividades no Brasil. Não acredita mais em crescimento expressivo da demanda nesse segmento.
Prepara investimentos em uma outra área, que acredita ter grande potencial de mercado: telecomunicações. A Samsung tem produtos e sistemas em CDMA, uma das tecnologias da telefonia celular. Aguarda ansiosa os resultados das concessões para as bandas A e B.
Os investimentos em telecomunicações, de no mínimo US$ 100 milhões, deverão ser definidos ainda até o final do ano, disse Byung-Gon Jung, diretor-presidente de operações do Brasil, em entrevista exclusiva à Folha.
A reorientação dos investimentos da Samsung foi definida após visita do presidente mundial da empresa, Jong-Yong Yun.
"Ele veio nos ajudar a pensar sobre a situação do mercado brasileiro. Veio nos encorajar. Estamos perdendo dinheiro", diz Jung.
Jung chegou ao Brasil em fevereiro e só viu as vendas de TV renderem cada vez menos. "O mercado de eletroeletrônicos deste ano foi superestimado por todos os fabricantes, inclusive por nós."
No caso de TVs, ele calcula vendas de cerca de 7 milhões de unidades em 97 e produção de 9 milhões.
O resultado é a guerra de preços, que hoje estão, nas palavras de Jung, abaixo do "breakeven point" -ponto de equilíbrio, no qual as vendas são suficientes para cobrir os custos.
"Muitos fabricantes vão morrer. Não há escapatória. Temos de continuar vendendo. Fábrica é como bicicleta. Se parar, você cai", diz.
Sorridente e descontraído, falando poucas palavras em português, Jung diz adorar o clima do Brasil. "Mas para fazer negócios não está muito bom." Ele está também preocupado com a crise asiática. "Ninguém sabe quem será o próximo a sofrer ataques."

LEIA MAIS sobre a Samsung na Pág. 2-3

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