São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Igreja 'substitui' Lusa no próximo jogo

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Buscando "verbas alternativas", a Lusa vai mudar o local do seu próximo jogo, no domingo que vem, contra o Criciúma.
O time, que perdeu anteontem para o Goiás, vai abrir mão de jogar no seu estádio, o Canindé, que será alugado para um evento da igreja evangélica Renascer.
A partida será transferida para o Morumbi ou Parque Antarctica.
Segundo o presidente do clube, Manoel Pacheco, a alocação já estava acertada entre a igreja e a diretora de eventos da Lusa, Helô Machado, desde o início do Brasileiro.
"Eu iria intervir para mudar a data, mas, quando pensei nisso, a Lusa já estava quase classificada", argumenta Pacheco.
É a terceira vez que a Renascer utiliza o Canindé para suas festas religiosas. Já o fez em 95 e 96.
Neste ano, a programação, que inclui cultos e shows de música "goespel", ocorre na sexta e no sábado. Pelo aluguel, a Lusa receberá R$ 70 mil, de acordo com Pacheco.
"Se fôssemos jogar com o Criciúma no Canindé, certamente teríamos prejuízo, como tivemos ontem (anteontem) e na maioria dos jogos", alegou o dirigente.
Segundo ele, é necessário um público de pelo menos 10 mil pagantes para cobrir as despesas de uma partida -relativas principalmente ao pagamento de árbitros e dos "bichos" aos jogadores, em caso de vitória ou empate.
No jogo contra o Goiás, o público foi de 3.367 pagantes.
"Para nós, o aluguel é vantajoso, é uma forma de renda alternativa. Temos um clube com 160 funcionários para administrar. Não é o associado que vai nos manter", disse Pacheco.
O técnico do time, Edinho, não vê com bons olhos a transferência.
"É lógico que isso é um fator negativo. Jogar em nosso campo é algo que tem nos favorecido. A sorte é que já estamos classificados."
Sem citar nomes, Edinho mandou um recado velado para a diretoria do clube.
"É o que eu sempre venho dizendo. Cada um tem que olhar para si e fazer a sua parte bem feita para ajudar a Lusa."
Fumo x Gravata
Se já garantiu a cessão do seu estádio à Renascer, a Lusa, por outro lado, deverá rescindir hoje ou amanhã um contrato já firmado com a organização do festival "Skol Rock", que seria realizado no Canindé em 15 de novembro.
Pacheco diz que, pelo acordo, cederia 25 mil lugares para o espetáculo, mas não está disposto a liberar o espaço do gramado, requerido pela organização do festival.
"Uma coisa é o adepto da igreja Renascer, engravatado, bonitinho, que só aplaude e não vai causar dano ao gramado. Outra é a garotada que vai ver rock cheia de fumo", comparou.

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