São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Na F-1, o importante é levar vantagem em tudo

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Não entendo toda essa indignação contra o torpe gesto do alemão Schumacher, que, ao ser ultrapassado, atirou seu carro sobre o do canadense Villeneuve.
Por que execrar o ex-campeão, se essa é a moral da história das corridas de automóvel desde sua transformação no Circo da Fórmula 1? Pois, se há um esporte (?) que sintetiza a ética (ou absoluta falta de ética) destes tempos, este é, sem dúvida, o automobilismo, onde o homem entra com 30% de suas faculdades e a máquina com uns 70%: o que vale é vencer, a qualquer custo.
A propósito, Gérson, o nosso Canhotinha de Ouro, carrega até hoje o estigma de ver seu nome batizando a lei que regula, num só artigo, o comportamento do homem numa sociedade de pura competição -levar vantagem em tudo.
O alemão, ontem, nada mais fez do que repetir o gesto que o brasileiro Ayrton Senna (assim como o francês Alain Prost) realizou tempos atrás, com êxito aqui festejado de norte a sul. A diferença: Senna subiu ao pódio, Schumacher ficou à beira da estrada.
Um, morto, foi canonizado; o outro está sendo demonizado em vida.
Bem feito. Quem mandou perder?
*
No mundo ideal, o gênio é quem está anos ou séculos, como um certo Leonardo, à frente dos demais. No realíssimo mundo das corridas, gênio é quem está alguns segundos à frente, quando não atrás, do mais próximo.
Até outro dia, os experts nessa modalidade chamavam Schumacher de gênio. Hill, o campeão da temporada passada, e Villeneuve, o atual, não passavam de pangarés.
Ah, mas aqueles tinham carros superiores ao do alemão, justificam os entendidos. Quanto mais? Décimos de segundos.
Tá bom.
*
Na curva que antecede a reta final do campeonato de futebol, a Lusa começa a ratear, enquanto o Santos engata uma quarta. Mas quem voltou a disparar na ponta foi o Inter, que, anteontem, simplesmente atropelou o Flamengo.
E o Corinthians? Bem, esse está à toda. Em marcha à ré.
*
O Barcelona, ontem, estava um trevo diante do micro Racing Santander. Ninguém sabia para onde ir, até que Giovanni entrou em cena. Pronto, com duas ou três jogadas de alto estilo, transformou-se no guia dessa tribo perdida.
*
Por falar em velocidade, impressionante o ritmo imprimido pelo Palmeiras de Felipão para passar por cima do Grêmio, no Parque Antarctica: 5 a 1, com dois belíssimos gols do menino Alex.
Mesmo quando estava com um jogador a menos -depois da expulsão de Pimentel-, Euller, Oséas, Alex, Zinho e Júnior chegavam a cada instante na cara de Danrlei.
Nesse passo, o Palestra chega lá, creiam.
Já o São Paulo quase capotou no primeiro tempo diante do lanterninha União reduzido a dez jogadores. Mas, quando o União caiu para nove, foi aquela festa de gols: 7 a 1. Uma redenção para Dodô, o artilheiro no estio, que fez quatro.

Alberto Helena Jr escreve às segundas, quartas e domingos

Texto Anterior: Após batida, Villeneuve é o campeão
Próximo Texto: São Paulo manda o União à segunda divisão em 1998
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.