São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997 |
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Weegee retrata o submundo de NY
ANA MARIA GUARIGLIA
São mais de 200 fotos que mostram a intimidade do submundo e da sociedade de Nova York (Estados Unidos), trazendo cenas insólitas, doces e irreverentes. Weegee era um profissional capaz fotografar várias situações diferentes em uma só noite. Ele podia registrar a alegria das crianças nas arquibancadas dos circos, os traficantes assassinados nas ruas e o casais em colóquio amoroso no escuro das salas dos cinemas. Com a mesma habilidade, fotografou personalidades da vida política e do universo do cinema. Weegee fotografou ainda alguns dos locais mais badalados da cidade: Harlem, Coney Island e Times Square. No decorrer dos anos 50 e 60, essas experiências levaram o artista a realizar alguns curtas-metragens de caráter experimental, como "Weegee's New York" e "Cocktail Party". Cidade Nua Weegee não se limitou ao fotojornalismo. Entre os anos de 1947 e 1952, em Hollywood, fez trabalhos de publicidade para algumas revistas, como "Vogue", "Holiday", "Life" e "Look'." O livro "Naked City" (Cidade Nua), em 1948, inspirou o produtor Mark Hellinger para a série de TV com o mesmo nome. Weegee foi consultor dos filmes e orientou o trabalho dos roteiristas, que se concentravam em reproduzir suas histórias. Nessa época, Weegee produziu uma série de fotografias distorcidas de políticos e artistas, que eram manipuladas em seu próprio laboratório. Ao mesmo tempo, o fotógrafo tornou-se propagandista do filme infravermelho, apregoando sua utilidade em locais sem iluminação. Topa-tudo Weegee, na verdade Arthur Fellig, ou melhor, Usher Fellig, tem o apelido de Weegee derivado de "squegie boy" (topa-tudo), que é como ele era chamado na redação do jornal "The New York Times", durante a década de 30. Nascido na Áustria, em 1899, Weegee desembarcou em Nova York em 1910, com um punhado de outros imigrantes e o nome trocado. Para ajudar a família, começou a fotografar os turistas passeando nas carruagens do Central Park e as crianças montadas sobre os pôneis. Weegee Também trabalhou nos laboratórios da "Acme Newspictures", hoje, a agência de fotografia United Press International (UPI). Para o jornal norte-americano "The New York Times", fez uma série de reportagens sobre as condições miseráveis da vida dos imigrantes nos Estados Unidos. Em 1938, iniciou uma grande maratona por Nova York, em um velho Chevrolet, com a licença de usar um rádio da polícia. Ele monitorava as transmissões para chegar rapidamente ao local dos acontecimentos e fotografá-los. Ao morrer, em 1968, a mulher de Weegee, Wilma Wilcox, doou sua obra para o International Center, O trabalho foi conservado por Cornell Capa, diretor da instituição. Espontaneidade Weegee buscava modelos para chegar à elaboração mais profunda do ser humano. Isso constituiu o centro da sua obra. Também foi o autor do flagrante, o registro de caráter espontâneo e instintivo, sem os cuidados e os formalismos da composição. A câmera Speed Graphic, lançada no início dos anos 40, foi a extensão dos olhos de Weegee. Produzia fotos de 6 x 9 cm, com inovações inusitadas para a época, como o flash gigante Heiland, com dispositivo para controle da luz. Para melhorar a leitura de suas matérias no "The New York Times", participou da diagramação do jornal, melhorando o visual das manchetes e das legendas das fotos. (AMG) Exposição: Weegee's World: Life, Death and the Human Drama Onde: International Center of Photography (avenida das Américas, 1.133, tel. 001/212/860-1777, Nova York) Quando: a partir de 22 de novembro; ter., das 11h às 20h; qua. a dom., das 11h às 18h Quanto: US$ 4 Texto Anterior: Mostra resgata a obra de Silvino Santos Próximo Texto: Alemanha leiloa tela de Adolf Hitler Índice |
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