São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Visitante fica de molho em Foz do Iguaçu

DANIEL NASCIMENTO DE CASTRO
ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU

Banho d'água -muita água- e adrenalina de sobra são cortesias da casa àqueles que se aventuram no mais fascinante passeio de Foz do Iguaçu: o Macuco Safári.
Apesar de ser um passeio radical, os pré-requisitos exigidos ao "bandeirante" de primeira viagem não são muitos.
Bastam um bom repelente -para que os mosquitos não o carreguem para longe do grupo- e um par de botas especiais para trilhas.
máquina fotográfica armada -se for à prova d'água, melhor- e muita atenção às explicações do guia. Afinal, serão quase quatro quilômetros de riquíssimos detalhes da floresta subtropical até as margens do rio Iguaçu.
A bordo de uma carreta rústica, o aventureiro percorre três quilômetros em cerca de meia hora. Os outros 600 m -essa parte do passeio é opcional- podem ser feitos a pé, na companhia de um guia.
É hora de ver, mais de perto, árvores como a peroba-rosa e a timbaúba -esta última usada pelos índios caingangues para construir seus barcos e também para facilitar a pesca.
Caso esteja num dia de sorte, você pode também cruzar com algumas das mais de 200 espécies de aves que vivem ali, além dos macacos-prego e jaguatiricas.
O salto do Macuco, uma das 275 quedas das cataratas do Iguaçu, é o ponto alto da caminhada.
Depois de cerca de 20 minutos -descontados, é lógico, o tempo para as fotos, as paradas e alguns tombos-, você chega, enfim, à margem do rio Iguaçu, onde começa a melhor parte da aventura.
Antes de subir em um dos botes motorizados, muna-se de uma capa de chuva e também de uma proteção plástica para a sua máquina fotográfica.
Acrescente o salva-vidas a seu vestuário e garanta o melhor lugar no barco bimotor inflável, que tem capacidade para até 25 pessoas.
Com o coração na garganta
Uma vez no bote, seus próximos 30 minutos serão inesquecíveis. Aproveite para fotografar e reparar em todos os detalhes do cânion antes de se aproximar do salto Três Mosqueteiros, onde a intensidade das corredeiras já começa a influir no batimento cardíaco.
Daí em diante, a sensação é de que você está praticando rafting. Apesar das manobras profissionais do piloto, os saltos do barco são inevitáveis.
Seguem-se, então, duchas e duchas de água. E, com a adrenalina a mil, o barco sobe rumo ao salto mais famoso das cataratas, a garganta do Diabo, e faz a volta nos saltos Penoni e Belgrano, que ficam do lado argentino.
Por dez minutos, você esquece de tudo e se concentra na emoção proporcionada pela revolta das águas de um dos mais -se não o mais- maravilhosos espetáculos do mundo: as cataratas do Iguaçu.
A volta ao ponto de partida, que também leva cerca de dez minutos, pode ser reservada à recuperação do fôlego e às fotos que restaram na máquina encharcada.
Com um pouco de sorte, é possível ainda invadir a privacidade de algumas capivaras que vêm da margem argentina tomar um banho no rio.
Floresta acima
É hora de devolver o salva-vidas e, se quiser, refrescar a garganta com um refrigerante, vendido na plataforma flutuante por R$ 1,50.
A volta -de jipe e, depois, carreta- leva de 15 a 25 minutos, tempo suficiente para tirar boa parte da água do corpo.
Mas atenção: a escolta feita pelos mosquitos (agora que o repelente já se foi) é quase inevitável.
Segundo o criador e proprietário do passeio, o norte-americano Alex Schorsch, a trilha recebe uma média de 400 visitantes por dia.
"Na última Sexta-Feira Santa, chegamos a transportar cerca de 1.600 pessoas", conta Schorsch.
A maior parte dos turistas aventureiros está indo ou vindo do Uruguai, do Chile ou da Argentina. "A região ainda não é muito bem aproveitada pelas pessoas. Os turistas que nos visitam gastam, em média, apenas um dia e meio na cidade", diz o proprietário do Macuco Safári.
O norte-americano, que fala seis idiomas e veio para o Brasil há 22 anos, foi o pioneiro do ecoturismo na região. Ele conta que trouxe tecnologia da terra do tio Sam para criar seus botes.
"Desenvolvemos barcos infláveis semi-rígidos, com capacidade para 25 pessoas e potência de 400 cavalos -a Ferrari F50, que foi uma das sensações do 3º Brasil Motor Show, tem 520 cavalos de potência. Depois disso, os argentinos apareceram e nos copiaram", lembra Schorsch.

Macuco Safári de Barco: fica a cinco minutos da entrada do Parque Nacional do Iguaçu (rodovia das Cataratas, km 18). O horário de funcionamento é das 8h30 às 19h. Preços: R$ 30 (trilha e barco) e R$ 15 (somente trilha). As carretas saem a cada 15 minutos. Para quem não é hóspede do hotel Tropical das Cataratas, é necessário pagar R$ 6 pela entrada no parque

LEIA MAIS sobre Foz do Iguaçu nas págs. 7-13 e 7-14

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