São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 1997
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PF faz apreensão de R$ 8 milhões em SP

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A investigação do chamado "esquema dos precatórios" levou ontem a Polícia Federal de São Paulo a realizar uma das maiores apreensões de equipamentos de informática supostamente contrabandeados da história do Estado. O valor chega a R$ 8 milhões.
A Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais da PF, responsável pelo flagrante, prendeu ainda os argentinos Hector Jorge Solano e Júlio Cezar Tizado, que se apresentaram como sócios da Byte On, empresa onde foram encontrados os computadores sem notas fiscais.
A PF chegou à Byte On depois de encontrar a cópia de um cheque da empresa no valor de R$ 200 mil na corretora Somartec, ligada ao Grupo Monte Cristo. Esse dinheiro teria sido enviado "ilegalmente" para fora do país, segundo a PF.
A polícia acredita que a Somartec foi usada para enviar para o exterior parte do dinheiro obtido pelo "esquema dos precatórios".
Na última sexta-feira, a PF solicitou a quebra do sigilo bancário de Samir Assad, dono do Monte Cristo. A Justiça Federal deve decidir sobre a quebra ainda está semana.
A polícia suspeita que Assad seja o responsável pela emissão de notas fiscais falsas, num total de cerca de R$ 18 milhões, que podem ter sido usadas para "esquentar" dinheiro do "esquema dos precatórios" ou de campanhas eleitorais.
A PF investiga a possibilidade de o Monte Cristo "esquentar" dinheiro de campanhas eleitorais porque o esquema é semelhante ao usado pela empresa Paubrasil Engenharia e Montagem, que arrecadou dinheiro para campanhas eleitorais do ex-prefeito Paulo Maluf.
A Paubrasil emitia notas fiscais falsas registrando a prestação de serviços inexistentes para grandes empresas. Essas empresas pagavam pelos supostos serviços, que não eram prestados. O dinheiro pago ia para a campanha, e as empresas tinham como justificar a despesa junto à Receita Federal.
No caso do Monte Cristo, foram encontradas notas fiscais de prestação de serviços no valor de até R$ 2,1 milhões. Mas funcionários do próprio Monte Cristo afirmaram à PF que as notas são falsas.
A PF investiga também a relação entre o Monte Cristo e o "esquema dos precatórios". Ela encontrou nas notas fiscais falsas emitidas para a construtora OAS, e outras duas empresas ligadas a ela, o nome de Victor Hugo Castanho, que recebeu R$ 100 mil na emissão irregular de Santa Catarina. Castanho trabalhou na Prefeitura de São Paulo na gestão Erundina (89-92). Ali, ficou amigo de Wagner Ramos, suspeito de gerenciar o "esquema dos precatórios".
O advogado da Byte On, Jonas Marzagão, afirma que a prisão dos empresários argentinos foi "arbitrária". Segundo ele, os equipamentos apreendidos tinham nota fiscal, mas apresentavam "apenas alguns problemas técnicos".
Quanto ao cheque de R$ 200 mil enviado para o exterior, Marzagão afirmou que ele foi usado para pagar fornecedores da empresa. "O que fizeram com o cheque depois não é nossa responsabilidade."

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