São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 1997
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'Dar motoserra é um ato de dignidade'

LUCAS FIGUEIREDO; ALTINO MACHADO
DO ENVIADO ESPECIAL A MANAUS E DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PFL), defendeu ontem a distribuição de motosserras para a população da floresta amazônica como um "ato de dignidade".
Amazonino fez a afirmação à saída do seminário preparatório para a reunião dos participantes do PPG7 (Programa Piloto para a Proteção da Floresta Amazônica do Brasil).
"Por que outro ser humano pode ter acesso à tecnologia e o caboclo aqui não? Distribuir motosserra para destruidor de floresta é uma coisa. Dar a motosserra para a sobrevivência de um caboclo é outra. É um ato de dignidade", disse o governador.
Preconceito de estudados
"Eu não estou dando motosserra para os caboclos por causa do preconceito das pessoas que não estudam, por causa do obscurantismo". declarou.
Amazonino estará ausente na reunião, que começa hoje, dos participantes do PPG7 -programa financiado pelo chamado grupo dos sete países ricos, ou G-7 (EUA, Reino Unido, França, Canadá, Japão, Alemanha e Itália).
Ele optou por viajar ontem mesmo para Nova York, onde irá à festa em homenagem ao embaixador do Brasil em Washington, Paulo Tarso Flecha de Lima.
O embaixador receberá o título de Homem do Ano, concedido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.
Amazonino disse que irá aos EUA homenagear seu "líder político", o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), que lidera uma caravana de políticos para prestigiar o embaixador Flecha de Lima.
"Eu tenho dever e obrigação de estar presente. Fui convidado e vou. É justo que eu preste homenagem a esse grande brasileiro, extraordinário brasileiro", afirmou o governador, referindo-se ao senador baiano.
Falta de confiança
Amazonino Mendes declarou que o G-7 não destina mais recursos para o programa de proteção à floresta amazônica porque não acredita que o dinheiro será bem utilizado.
"Eles também têm o problema deles, que é de confiabilidade. Eles têm muito receio de dar dinheiro e esse dinheiro ser malbaratado (aplicado indevidamente), como existe, como é frequente", afirmou Amazonino.
Segundo ele, a falta de confiança dos países ricos não acontece exclusivamente em relação ao Brasil, mas aos países "subdesenvolvidos de forma geral, na África, na Ásia".
(LUCAS FIGUEIREDO e ALTINO MACHADO)

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