São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 1997 |
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BIG BEAT; CRYSTAL METHOD
CAMILO ROCHA
Pode pôr a culpa nos Chemical Brothers. De uns tempos para cá, dezenas de bandas apareceram com batidões robustos de hip hop, teclados sujos e uma atitude rock'n'roll alcoólica, adaptada ao mundo pós-rave. Um universo nasceu, conhecido como big beat (batidão). Para quem gosta de rock, é o acesso mais fácil para esse playground chamado eletrônica CRYSTAL METHOD Pense em Las Vegas e você vai associá-la a Elvis, caça-níqueis, máfia e neons. Não vai pensar em uma dupla de DJs-produtores fazendo batidas colossais e carregando uma zoeira sonora na garupa. O Crystal Method, de DJs de uma sórdida boate de striptease de onde se enxergava o deserto de Nevada, virou estrela mundial do big beat. O nome Crystal Method seria uma referência a superanfetamina, que deixa a pessoa acordada por dois dias seguidos, cada vez mais popular nos EUA. (Tudo bem que a dupla em entrevistas garante que não toma, mas ninguém seria bobo de dizer o contrário, certo?) Após quase três anos pelo underground com EPs e singles apreciados somente por frequentadores de clubes e raves, a situação do Crystal Method começou a mudar. Com a explosão da eletrônica via Inglaterra, como Prodigy, as grandes gravadoras dos EUA agora se dedicam a achar no seu quintal quem pode bater alto nas paradas. O grupo, que tem sido uma das apostas mais quentes, chega ao primeiro álbum, "Vegas", "a resposta americana aos Chemical Brothers". Não "a" resposta, mas um longo diálogo em comum. Toque faixas de "Vegas" e faixas dos dois álbuns dos Chemicals alternadamente, e a pista logo estará de joelhos, com a voz trêmula. São parecidos? Não, tem características comuns, mas identidades bem definidas. Os Chemicals tem a vantagem de ter mais amplitude no seu som, de cobrir mais territórios. Já o Crystal Method prefere se concentrar mais em um certo número de truques. Eles mostram que o que sabem fazer, fazem muito bem. São mestres do breakbeat. "O que vem a ser o breakbeat?" é um trecho da seção rítmica de uma música, como uma virada de caixa ou um batuque, separado para aplicação em outra faixa. Os mais sampleados são de discos de funk obscuros dos anos 70. Hoje, virou um termo genérico para estilos eletrônicos que usam esses sons, programados numa sequência "quebrada". Assim, o fato de o Crystal Method não fugir muito de seus ponches de breakbeats salpicado de ruídos ácidos não é ruim. São samples de pregadores religiosos conclamando à dança, altas torres de repiques de bateria e perversas batidas quebradas. Se existisse a possibilidade de dance e qualidade compartilharem o mesmo espaço na FM, os hits desse disco seriam "Keep Hope Alive" e "Busy Child". "Vegas" é um disco que teria feito até Elvis deixar de lado esse tal de rock'n'roll e cair no batidão. Disco: Vegas Grupo: Crystal Method Lançamento: Universal Quanto: R$ 18, em média Texto Anterior: Biografia é um magnifíco documento social Próximo Texto: SUPERCHARGER Índice |
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