São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 1997
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Esquerda do PT quer ter candidato no Rio

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

O lançamento de manifesto recheado de ataques ao PDT e em defesa da candidatura própria a governador será a resposta da "esquerda" do PT fluminense ao presidente nacional da legenda, José Dirceu, que condicionou a candidatura de Luiz Inácio da Silva à Presidência a um acordo com os pedetistas no Rio.
Segundo Dirceu, o PDT exige, para apoiar o PT, a cabeça de chapa numa coligação no Rio. Mas os petistas do grupo "Refazendo", embora aceitem a aliança, querem que o candidato ao governo seja um petista. Isso será dito no manifesto a ser divulgado na sexta-feira, que acusa o PDT de conivência com corrupção.
A "esquerda" petista também já se articula para lançar o ex-deputado Vladimir Palmeira para disputar o governo estadual. Oficialmente, Palmeira nega que seja candidato. Mas integrantes do "Refazendo" e do grupo do deputado Carlos Santana praticamente já acertaram o lançamento.
O manifesto começou a circular no PT há dez dias. É assinado pelos deputados federais Milton Temer e Maria da Conceição Tavares, pelo estadual Marcelo Dias e pelo ex-vereador Chico Alencar, entre outros. Segundo o texto, os petistas têm propostas e nomes "de grande potencial eleitoral e credibilidade política".
"Esse patrimônio", continua o manifesto, "seria dilapidado caso apoiássemos um candidato do PDT ao governo do Estado. Não por ser (o PDT) um partido eleitoralmente declinante, mas por que, sendo governo por oito anos, comprometeu-se com o desmantelamento da máquina pública e com a desorganização do movimento popular, além de ter sido conivente com o esquema de corrupção Nader-Cadorna" (supostos desvios durante o segundo governo Brizola, de 91 a 94).
Outro manifesto pró-candidatura própria, assinado pelo vereador de Niterói João Batista Petersen e outros dirigentes, é contra qualquer aliança com o PDT, mesmo com o PT liderando a chapa.
"O PDT de Brizola já governou o nosso Estado", diz o texto. "Destruiu a educação, sucateou a saúde e várias empresas públicas, como Banerj, Metrô e Cerj, abrindo caminho para as privatizações."
Santana, apontado como possível fiel da disputa no partido, ainda não decidiu se apoiará o manifesto, mas afirmou que defende a candidatura própria com aliança.
"O PDT foi governo no Rio e deixou muitas sequelas nas áreas de educação e saúde", disse. "No movimento sindical, fez alianças com a Força Sindical. No popular, destruiu o movimento de associações de moradores."
Temer responsabilizou "a base da Articulação" (tendência de Dirceu) pelos problemas na aliança, embora ressalvasse que o presidente nacional do PT tem trabalhado pela candidatura Lula.
Dias também disse ser "impossível" o apoio do PT a um candidato do PDT no Rio.

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