São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 1997
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'Crack' acabou com a euforia e produziu a 'Grande Depressão'

DA REPORTAGEM LOCAL

28 de outubro de 1929. O dia ficou para a história como a "segunda-feira negra", quando o índice industrial Dow Jones, que mede a variação das principais ações negociadas na Bolsa de Nova York, desabou: queda de 12,82%.
O "crack" da Bolsa provocou uma enorme recessão em todo o mundo. O período, conhecido como a "Grande Depressão", se estendeu até 1933.
Até o "crack", os Estados Unidos viviam em clima de euforia econômica. A produção industrial crescia a todo vapor. A produção agrícola se expandia desde o começo da década.
O desemprego entre os norte-americanos era um dos mais baixos, chegando a uma taxa de apenas 0,9%.
Banqueiros e especuladores acreditavam que a prosperidade seria eterna, mesmo quando surgiam sinais de que o jogo iria virar.
Quando a queda da Bolsa acabou com suas fortunas, alguns banqueiros -que o banco central não socorreu- se suicidaram, enquanto os desempregados faziam filas para a sopa.
A partir do "crack", a atividade econômica norte-americana começou a cair e o comércio internacional minguou, voltando para os níveis de quase duas décadas atrás.
As economias do mundo capitalista tinham nos EUA seu principal mercado produtor e consumidor. Para defender seu quinhão em um mercado encolhido, cada país tratou de impor as mais variadas medidas protecionistas. Muitos suspenderam o pagamento de suas dívidas externas.
Brasil
A crise mundial pegou o Brasil em uma política de estabilização financeira, implementada pelo então presidente Washington Luís.
Antes da crise, os financiamentos à lavoura de café foram limitados e a taxa de câmbio manteve-se fixa, reduzindo a receita do setor cafeeiro.
E a economia nacional dependia muito do comportamento do café. O Brasil controlava o mercado mundial e garantia bons preços. Mas os bons preços atraíram novos produtores e começavam a enfraquecer a posição dos exportadores brasileiros.
Em 1929, a safra de café superava a capacidade de consumo mundial e os norte-americanos não compravam mais como antes. Sem financiamento, a produção e os preços desabaram.
As exportações brasileiras caíram de 95 milhões de libras esterlinas, em 1929, para 33 milhões de libras em 1935.
Para aliviar a situação dos cafeicultores, Washington Luís conseguiu, ainda em 1929, um empréstimo de 20 milhões de libras.
Mas o dinheiro não foi capaz de evitar o pânico, as falências e o desemprego, que desaguaram na Revolução de 30.

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