São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Dirigentes do futebol defendem passe e clube-empresa opcional

ABNOR GONDIM

ABNOR GONDIM; MARCELO DAMATO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Fábio Koff, do Clube dos 13, diz que passe é 'ativo' de clube

Os presidentes do Clube dos 13, Fábio Koff, e de Palmeiras, São Paulo e Vitória (BA) criticaram ontem o artigo da lei Pelé que obriga os clubes a virarem empresas ou fazer isso com seus departamentos de esporte profissional. Eles também atacaram o fim do passe no futebol.
"O projeto é ilegal, ilegítimo, inexequível e vazio", disse Fábio Koff, em depoimento à comissão especial da Câmara, que deve votar o projeto até o dia 26 de novembro. "O projeto estabelece uma intervenção do Estado nos clubes."
Koff, ex-juiz e ex-presidente do Grêmio, previu uma avalanche de ações judiciais dos sócios dos clubes. Disse que, se a imposição for aprovada, os clubes poderão formar empresas de fachada.
Ele defendeu emenda do deputado Eurico Miranda (PPB-RJ), dirigente do Vasco, que garante aos clubes o direito de decidir sobre seu futuro e limita em 49% a parte do capital que pode ser vendida.
Para Koff, o projeto atinge os clubes por retirar deles "o principal ativo" -no caso, o direito de cobrar passe dos atletas. "Na prática, isso equivale a um confisco."
Há duas semanas, porém, ele dissera à Folha que considerava o passe inconstitucional.
Koff disse que o Grêmio não precisa virar empresa porque já tem gestão empresarial. Segundo ele, o clube possui dez executivos remunerados, 26 lojas franqueadas e 340 produtos licenciados.
O presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi, afirmou que mantém um contrato de co-gestão com a Parmalat desde 1992, com bons resultados. Disse que o projeto prejudicou a obtenção de um empréstimo de R$ 20 milhões para a reforma do Parque Antarctica.
O presidente do São Paulo, Fernando Casal de Rey, disse que rejeitou associação com o grupo Garantia, que havia proposto a criação de uma empresa para administrar o futebol do clube e oferecera R$ 100 milhões para ficar com a metade do capital dessa empresa.
"Hoje temos um patrimônio de R$ 1 bilhão e não queremos ser forçados a entregá-los a empresas."
Se a obrigatoriedade for mantida, Contursi disse que será o fim dos pequenos clubes, porque eles não atrairão investimentos.
O Vitória já decidiu, porém, que vai transformar seu departamento de futebol em empresa em 1998.
"Essa foi uma decisão do clube e não imposta pelo governo", disse Paulo Carneiro, que preside o clube e também a Associação Brasileira dos Clubes de Futebol, que reúne dez clubes da Série A.

Colaborou Marcelo Damato, da Reportagem Local

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