São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pecuarista quer privatizar assentamentos

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A reforma agrária pode ser um grande negócio para os empreiteiros. A tese foi defendida ontem pelo presidente do Conselho Nacional de Pecuária de Corte, João Carlos de Souza Meirelles, para quem os assentamentos rurais devem ser privatizados.
Meirelles fez palestra para empreiteiros sobre o assunto no Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo). Em sua opinião, a atuação da iniciativa privada é o caminho para solucionar o problema agrário no país.
Nas mãos do governo, a reforma agrária é cara, lenta e não responde à urgência de assentamentos exigida pelo país, disse Meirelles, que se denomina "o último sobrevivente da colonização".
Meirelles tem uma empresa que já colonizou 1 milhão de hectares, construiu quatro cidades e assentou 30 mil famílias.
"Não há falta de terras no país. Há falta de mecanismos para agilizar os assentamentos", disse.
A privatização teria a vantagem de acelerar as obras de infra-estrutura necessárias aos assentamentos e baratear o custo dos lotes.
Segundo Meirelles, o governo gasta de R$ 40 mil a R$ 45 mil para assentar uma família em área de 25 hectares. Além disso, em função da obrigatoriedade de licitação, há grande demora na construção de estradas, água, esgoto, escolas etc.
"O prazo mais curto conseguido pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) até hoje foi de dois anos e meio."
Preparação dos lotes
Meirelles tem projeto de venda de 560 lotes de 25 hectares no Mato Grosso a R$ 35 mil cada. Os lotes teriam água, esgoto, estrada e uma casa de 42 m2.
O projeto prevê ainda a construção de uma escola a cada oito quilômetros e atendimento de saúde por seis meses. Ele foi enviado ao Incra pelo governador do Mato Grosso, Dante de Oliveira, mas até agora não houve resposta.
"Temos condições de oferecer um pacote ao governo por preço menor", disse à platéia.
O presidente do Sinduscon-SP, Sergio Porto, viu na proposta uma oportunidade de negócios para empresas da área. Ele pretende criar um grupo de trabalho para elaborar uma proposta de privatização dos assentamentos.

Texto Anterior: Prêmio a embaixador reúne 700 nos EUA
Próximo Texto: Ministro suspende ação contra padre
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.