São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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Conceito é inexistente

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Passados os primeiros suspiros de felicidade pela volta de David Bowie ao Brasil, é preciso refletir sobre o que o Close Up Planet tem a oferecer ao público brasileiro. Em princípio, parece quase nada.
Sempre acostumado a muito pouco e sempre ignorado pelo pop de ponta -ou, menos, pelo mainstream-, o país tropicalista talvez nem vá perceber a pobreza do Close Up -talvez até agradeça por ela.
Mas, se se passar por cima da lista de nomes, será inevitável perceber que deve ter sido muito simples escalar seu elenco.
Reuniram-se, sem qualquer preocupação conceitual, a dance decadente do Erasure e a vulgaridade pop sedenta de mais e mais sucesso do No Doubt, incongruentes entre si a não ser em sua irrelevância.
Para coroar tudo, trouxeram Bowie, ainda persistente em suas tentativas vanguardistas. Mas, suspiros à parte, é notório que hoje ele padece de desinteresse mais ou menos generalizado por parte dos ouvidos noventistas. Deve ter sido muito fácil escalá-lo.
Tudo faz parecer que a patrocinadora não estava mesmo disposta a investir (dinheiro) no evento. Não se leva a sério um festival em que a atração mais na crista da onda do mercado é No Doubt. Não precisávamos engolir mais essa.
A procura pelo preço baixo vem invalidar até a disposição de busca de novos (e baratos) nomes no set brasileiro -Pavilhão 9, o roquinho baiano, a moçada anacrônica do ska.
Por fim, eram necessários nomes "de peso" no front nacional, e logo pensaram em chamar... Rita, Paralamas, Barão -é Close Up Planet 97 ou é Rock in Rio 85??? O Erasure vem aí para dizimar a dúvida.

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