São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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Bowie tenta se colocar no presente

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Não apenas um show, mas um ajuste de contas. Para o músico inglês David Bowie, a turnê brasileira que se inicia hoje, em Curitiba (prosseguindo amanhã em São Paulo e domingo no Rio de Janeiro) é a chance de esclarecer um mal-entendido: a idéia de que é apenas uma figura do passado.
"Estou muito excitado com os shows no Brasil, porque na última vez em que me apresentei no país toquei apenas meus grandes sucessos.", disse, na última sexta-feira, em entrevista à Folha.
Bowie, 50, reconhece que para muitos daqueles que o assistiram em 1990, em um momento de revisão de sua carreira, a imagem de dândi da modernidade soou inconsistente. Um blefe publicitário.
Agora, mostra-se um grande apostador. O show é baseado no CD "Earthling", um trabalho que pareceu, para a crítica, a prova de seu desejo em fazer parte do cenário da música eletrônica, que, hoje, é apontada como a mais frutífera tendência para a indústria do disco.
"Desta vez", diz Bowie, "as pessoas poderão conhecer melhor minhas intenções, a maneira como realmente me sinto sobre a música."
Mas não se trata apenas de canções. Seguindo uma espécie de tradição pessoal, Bowie, mais uma vez, faz não apenas música. Procura também uma experimentação cênica.
Sua apresentação é um constante jogo de referências sobre a cultura e o que chama de "outras artes": "Eu sempre estive interessado em todas as formas de arte. Desde a adolescência tive a clara idéia de que a música não tinha que estar separada dos aspectos visuais e cênicos -o teatro".
Bowie prossegue em uma breve explicação sobre sua trajetória de 30 anos. Diz que sua carreira sempre foi uma experimentação com a música: "Sempre pensei em como envolver outras artes em minhas composições. E foi o que acabei concretizando em todos esses anos".
O show de amanhã será a oportunidade de o público de São Paulo descobrir se o futuro dará uma chance para David Bowie.

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