São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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Calor mata bebê esquecido em carro

CIBELE BARBOSA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Uma criança de dez meses de idade morreu anteontem à tarde em Ribeirão Preto (319 km de São Paulo) depois de ficar quase quatro horas trancada dentro de um carro estacionado ao sol.
Rafaela Pantuzi Maurino foi encontrada morta por seu pai, o funcionário público municipal Rodrigo da Costa Maurino, 23, dentro do Escort da família, às 17h40.
Maurino disse à polícia que "esqueceu" o bebê trancado dentro do carro enquanto trabalhava no DST (Departamento de Serviços de Trânsito) da prefeitura.
A temperatura na tarde de anteontem em Ribeirão Preto chegou a 36°C à sombra, segundo a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária).
Dentro do carro, a temperatura pode ter alcançado 45°C, de acordo com a Polícia Civil.
O médico-legista que fez o exame de necropsia, João Batista da Costa Figueiredo Vicente, afirmou que a causa da morte foi "asfixia mecânica por confinamento e inalação de gases irrespiráveis".
"Como o carro estava totalmente fechado, ela respirou todo o oxigênio que existia no local, só sobrando o gás carbônico, que é nocivo." Ela também sofreu um processo de idermação (leia texto nesta página).
A polícia abriu inquérito para apurar o caso e deve indiciar Maurino por homicídio culposo.
Maurino e sua mulher, a recepcionista Melissa Fernandes Pantuzi Maurino, teriam deixado a cidade ontem após o enterro do bebê, segundo familiares.
"Não tenho o que dizer. Estou completamente chocada com o que aconteceu. Acabei de enterrar minha neta", disse ontem a avó materna do bebê morto, que se identificou apenas como Sueli.
Rafaela era a única filha do casal. Maurino e Melissa estão casados há cerca de um ano e meio.
Esquecimento
Maurino saiu de casa, no bairro Jardim Paulista (zona leste), por volta das 13h45. De acordo com a família, ele iria levar o bebê à casa da avó, no bairro Campos Elíseos (zona norte).
No caminho, teria decidido passar no local de trabalho, que também fica nos Campos Elíseos, para deixar uns papéis, às 14h.
Como o bebê estava dormindo, ele teria decidido deixá-lo no carro, estacionado em frente ao prédio onde funciona o DST.
Segundo o funcionário do DST, Carlos Marques Francisco, Maurino se esqueceu que estava com a filha e ficou no trabalho.
"Ele se lembrou da menina quando sua sogra ligou e perguntou pela neta", disse Francisco.
Nesse momento, por volta das 17h40, o pai correu até o carro e em seguida chamou o Corpo de Bombeiros. Segundo o IML, o bebê deve ser morrido por volta de 16h30.
O bebê chegou, já sem vida, a Santa Casa de Misericórdia.

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