São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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Rio espera guerra entre quadrilhas

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

As duas maiores quadrilhas de traficantes do Rio estão prestes a se enfrentar. Nos últimos dias, informes da Secretaria da Segurança Pública indicam a proximidade de uma "guerra" entre os bandos de Lambari e Magno da Mangueira.
Lambari (Marcos Vinícius da Silva) comanda 500 homens na favela do Jacarezinho e no complexo do Alemão (zona norte).
Magno da Mangueira (Magno Fernando Soeiro Tatagiba de Souza) é chefe de outros 500 criminosos em diversas favelas.
"Existe a possibilidade de um conflito entre as quadrilhas", disse ontem o tenente-coronel Milton Corrêa da Costa, assessor técnico e parlamentar da Secretaria da Segurança Pública.
Lambari e Magno da Mangueira integram a mesma facção criminosa, o CV (Comando Vermelho).
Segundo as investigações da Divisão de Repressão a Entorpecentes da Polícia Civil, o medo de um ataque de Magno da Mangueira levou Lambari a intensificar os "bondes" (patrulhas) noturnos que circulam pelo Jacarezinho.
O "bonde" do Jacarezinho é formado por pelo menos 20 "soldados" do tráfico de drogas, que circulam pela favela com fuzis, metralhadoras, pistolas e granadas.
"Sabemos que Lambari dorme sempre em casas diferentes, para dificultar a vida dos inimigos e da polícia. Quando vai dormir, ele mantém do lado de fora cinco seguranças armados de fuzis", disse o detetive César Borges, chefe do setor de investigações da DRE.
Magno da Mangueira também toma precauções. Para se proteger de um ataque inimigo, Magno tem vivido em algumas das cerca de 50 favelas que domina, no Rio, na Baixada Fluminense, em Niterói e São Gonçalo. Seu esconderijo principal seria o morro do Turano, Rio Comprido (zona norte).
Os policiais que investigam a atuação das duas quadrilhas temem pelo resultado da "guerra" entre os "chefões" inimigos.
O poderio de Lambari não é desprezado pelos policiais encarregados da área do Jacarezinho. "Ele (Lambari) comanda um pequeno exército", disse o coronel Marcos Paes, comandante do 3º BPM (Batalhão de Polícia Militar), responsável pelo policiamento na favela.
Lambari e Magno jamais se entenderam, apesar de integrarem a mesma facção criminosa.
As desavenças entre os dois se intensificaram quando, no primeiro semestre, traficantes da Mangueira tomaram pontos-de-venda de cocaína e maconha no complexo de favelas do morro do Alemão.
Lambari só conseguiu reaver as "bocas" depois de negociações mantidas dentro dos presídios onde cumprem penas as principais lideranças do CV. Os homens da Mangueira deixaram o complexo após ordem de Magno.

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