São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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Moradores querem isolar Alto de Pinheiros

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Moradores do Alto de Pinheiros (zona sudoeste da cidade de São Paulo) querem isolar o bairro fechando diversas ruas para a formação de bolsões que bloqueariam o tráfego de passagem na área.
O projeto, elaborado pelo arquiteto Paulo Bastos, vice-presidente da Sociedade Amigos do Alto de Pinheiros (Saap), prevê a criação de nove bolsões na região, que vai da marginal Pinheiros até as ruas Cerro Corá e Heitor Penteado. A área seria delimitada também pela avenida Professor Frederico Herman Júnior e pela rua Natingui.
Na avenida Pedroso de Morais, por exemplo, o projeto prevê o fechamento de cinco ruas, com a colocação de muretas de concreto no solo.
Já na avenida Professor Frederico Herman Júnior, a idéia é fechar todas as entradas do bolsão de número 1 (com cerca de 25 quarteirões).
No total, o projeto abrangeria uma região de cerca de 4,8 km² -uma área equivalente a 672 campos de futebol ou cerca de três vezes a área do parque Ibirapuera.
A proposta, apresentada oficialmente ontem durante debate sobre segurança na região, está amparada em uma pesquisa feita com moradores do bairro, diz Bastos. De acordo com o estudo, 72% dos moradores de Alto de Pinheiros são favoráveis aos bolsões.
No entanto, especialistas da área de transporte consultados pela Folha criticaram a proposta, que é defendida por Bastos como uma das soluções para diminuir a criminalidade na região (leia texto nesta página).
Para Jaime Waisman, professor na área de transporte público da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, os bolsões são, muitas vezes, "uma privatização do espaço público" porque incorporam algum bem público para uma utilização particular.
"Entendo a posição dos moradores, que viviam em um local tranquilo e silencioso que, hoje, está sendo invadido por carros e comércio. Mas se todo mundo pensar assim, logo vamos bloquear toda a cidade", disse.
Waisman alerta para os riscos que os bolsões mal planejados podem causar. "Sem estudos de impacto no trânsito, a proposta pode comprometer o sistema viário."
A avenida Frederico Herman Júnior e ruas das imediações, por exemplo, funcionam como estacionamento para diversos órgãos públicos, lembra o consultor da área de transportes Sérgio Sola.
"Se as entradas das ruas residenciais forem fechadas, as pessoas não terão onde parar seus carros e o tráfego de passagem será prejudicado", afirmou Sola, que diz ser favorável a pequenos bolsões em áreas residenciais, desde que não prejudiquem o sistema viário.

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