São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997 |
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Lojas suspendem a venda a prazo até que o mercado financeiro se acalme
FÁTIMA FERNANDES
A crise da Bolsa, que desencadeou aumento dos juros, está preocupando os lojistas. Eles temem que as taxas subam ainda mais e que, com isso, acabem perdendo dinheiro na venda a crédito. A suspensão do financiamento de prazo mais longo e o receio do varejo com o clima tenso do mercado financeiro foram constatados pela Alshop, associação que reúne os lojistas de shopping centers, em um levantamento preliminar sobre o desempenho do comércio nos últimos três dias. Nabyl Sahyoun, presidente da Alshop, diz que as lojas estão dando preferência à venda em prazo curto -até 60 dias, no máximo- e ao cheque pré-datado. "Quem está segurando mais as vendas são as lojas de eletroeletrônicos, mas o medo de vender a prazo é generalizado." Cláudio Sallum, superintendente do shopping Morumbi, diz que a oferta de financiamento diminuiu. "A comunicação do varejo estava em cima do crediário. Nestes últimos dias, esse comportamento mudou. Os lojistas retiraram as promoções no crediário. O próprio consumidor está ressabiado." Para Sahyoun, a crise da Bolsa aconteceu num momento ruim para o varejo, pois as vendas já estavam num ritmo bastante fraco para a época. "Agora, elas devem cair ainda mais." Até poucos dias, conta ele, a expectativa dos lojistas de shoppings era faturar no Natal o mesmo que em igual período do ano passado. Com o aumento dos juros -de até dois pontos percentuais para o consumidor-, já é esperada queda de 2% para o período. Sahyoun diz que a sexta-feira e o sábado são considerados bons termômetros de vendas, por isso os lojistas estão aguardando com expectativa o desempenho do consumo no final de semana. A Lojas Cem, com 71 pontos-de-venda, informa que nos últimos três dias o faturamento da rede caiu 15% -de R$ 1 milhão por dia para R$ 850 mil por dia. "O consumidor decidiu esperar um pouco para comprar. Ele também está confuso", afirma Natale Dalla Vecchia, diretor. A Cem, que banca o crediário com recursos próprios, decidiu, por enquanto, não mexer nos juros, que variam de 3,5% a 6,5% ao mês, até como uma estratégia para se diferenciar da concorrência. "Nós não dependemos das financeiras e não temos ações em Bolsa. Por essa razão, vai dar para manter os juros ao consumidor." A Lojas Bernasconi, com 30 pontos-de-venda, que tem parte do crediário administrado por financeiras, informa que já está aconselhando o consumidor a comprar em prazo mais curto por conta dos juros altos e do medo que as taxas subam ainda mais. Por conta do efeito-Bolsa, diz Luvirto Bernasconi, diretor, é provável que o Natal seja ainda pior do que o esperado. A Bernasconi espera para dezembro faturar até 5% a menos do que em igual mês do ano passado. A venda física, prevê, também deve cair até 5% Para estimular o consumo, a rede decidiu iniciar uma campanha em novembro já de olho na segunda parcela do 13º salário, que será paga no dia 20 de dezembro. "Mas, o rigor na aprovação desse crédito será dobrado". Próximo Texto: BC dobra juros para estancar a evasão de dólares; Bovespa desaba outra vez Índice |
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