São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997 |
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Governo reconhece ataque
GILSON SCHWARTZ
É isso que o próprio governo reconhece, dobrando as taxas de juros. Aumentos de juros são fatais para as Bolsas. Mas podem eventualmente ajudar a proteger a moeda contra uma desvalorização forçada. Subindo as taxas o governo mostra que a queda nas Bolsas é agora apenas um detalhe, ainda que tenha sido o estopim da crise. Isso não significa que aumentar os juros seja um remédio garantido contra a fuga de capitais. Teoricamente, a alta das taxas serve para atrair capitais. Mas na Tailândia, para ficar num exemplo recente, a alta dos juros apenas sinalizou desespero, foi incapaz de conter a crise cambial. No México, em 1994, também foi assim. No Brasil, o remédio amargo sempre funcionou. Em 1995, quando o Banco Central foi desastrado mudando a política cambial, houve perda de reservas, mas os juros altos acabaram fazendo efeito e o BC até aumentou continuamente seu nível de reservas. O efeito colateral foi a quebradeira de empresas e bancos, que acabou dando no polêmico Proer. Tecnicamente, a elevação dos juros funciona apenas se os especuladores se convencerem de que o ganho financeiro em reais tende a ser maior que a desvalorização esperada. Mas, se as expectativas de desvalorização cambial ganharem força, nem levando os juros ao infinito a moeda escapa. Isso porque o especulador sabe que juros estratosféricos por muito tempo acabariam quebrando o próprio governo. Nos próximos dias, a variável chave a ser observada é o nível de reservas internacionais do Banco Central. Se a sangria continuar, mesmo com juros siderais, a desvalorização cambial será não apenas inevitável como de extensão imprevisível. Para empresas e consumidores, com ou sem desvalorização cambial, a alta dos juros já terá um resultado certo: o Natal de 1997 está praticamente condenado. Texto Anterior: Explosão dos juros deve empurrar país para recessão, afirmam economistas Próximo Texto: Desemprego aumentará, avaliam sindicalistas Índice |
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