São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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Juros levam um choque

Taxas dobram

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central dobrou ontem as taxas de juros, em reação à crise nas Bolsas de Valores que afetou o mercado de câmbio brasileiro. O choque de juros tem o objetivo de conter a saída de dólares do país, mas vai acabar também aumentando o custo da dívida pública e encarecendo os empréstimos ao setor produtivo.
Em reunião extraordinária na noite de ontem, o Copom (Conselho de Política Monetária) do Banco Central decidiu elevar a TBC (Taxa Básica do BC) de 1,58% para 3,05% e a TBAN (Taxa de Assistência do BC) de 1,76% para 3,23% ao mês.
Em termos anuais, isso significa uma alta de 20,7% para 43,4% no caso da TBC, a taxa mais utilizada como referência pelo mercado financeiro.
O BC informou também que comprou ontem R$ 1 bilhão em títulos prefixados em poder do mercado, a taxas compatíveis com as fixadas ontem.
A assessoria de imprensa do BC informou que as taxas fixadas ontem são "emergenciais, para momentos de crise". Juros tão altos não eram atingidos desde 95, quando houve um ataque especulativo contra o real na esteira da crise que abalou o México.
O BC divulgou um comunicado que diz que "decidiu reavaliar as diretrizes da política monetária".
Segundo o comunicado, a mudança foi realizada "tendo em vista os reflexos da crise financeira internacional e visando preservar os ganhos conquistados com o plano de estabilização da economia".
A alta nas taxas inverte a política de juros que o governo vinha mantendo até agora. Na última reunião do Copom, por exemplo, havia ficado fixado que a TBAN cairia para 1,76% em novembro. A TBC se mantinha estável desde abril, quando foi interrompida uma política de redução da taxa.
A extensão dos eventuais efeitos recessivos -queda nos empréstimos ao setor produtivo, diminuição de investimentos e aumento do desemprego- da alta dos juros dependerão da permanência das taxas elevadas.
Na última terça-feira, saíram do país US$ 4,77 bilhões, o que normalmente sai durante todo um mês. Ontem, houve nervosismo de novo no câmbio, mas o volume de saída e entrada de recursos só será conhecido com certeza hoje.
Quando o BC eleva os juros, estimula os investidores a deixarem o mercado de câmbio em busca de aplicações de renda fixa, estancando a especulação. Além disso, atrai investimentos externos.

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