São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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'Luta de classes' perturba início da NBA

DA REPORTAGEM LOCAL

Envolta em uma série de discussões salariais entre liga, donos de equipes, sindicato e empresários de jogadores, começa hoje a 51ª temporada da NBA (liga profissional norte-americana de basquete).
O problema surgiu após David Stern, o todo-poderoso da NBA, anunciar sua intenção de reabrir negociações sobre o acordo coletivo firmado há dois anos entre a liga e os atletas.
Segundo a NBA, pelo menos um terço das equipes -de um total de 29- teve, na temporada passada, déficit financeiro, contra três na temporada anterior. O motivo, segundo Stern: explosão salarial.
No próximo dia 11, Stern se reunirá com donos das equipes para avaliar os prejuízos e de, como tudo indica, propor levar ao sindicato a intenção de mudanças.
Desde já, porém, lideranças sindicais não se mostram nem um pouco dispostas a aceitar alterações que prejudiquem a classe.
Mas, para o ano que vem, ameaças de dispensa de jogadores, caso mudanças sejam rejeitadas, ou uma greve dos mesmos, como represália, já estão sendo cogitadas.
No acordo coletivo constam alguns itens que estão perturbando a direção da liga.
Para evitar que os novos talentos que debutam na NBA ganhem "fábulas" em seus primeiros anos, determinou-se limite de três anos de contrato, com salários variáveis entre US$ 2 milhões e US$ 10 milhões nesse período.
Em troca, os atletas receberiam passe livre após o fim do contrato.
Mas, com a aproximação do fim dos contratos, os jovens astros estão comandando uma overdose de salários astronômicos.
O exemplo mais gritante é o do ala Kevin Garnett, 21, que inicia seu terceiro campeonato profissional: para mantê-lo pelos próximos seis anos, a partir de 98, o Minnesota Timberwolves pagará um total de US$ 125 milhões -ou US$ 20,8 milhões por temporada.
Outras equipes tendem a fazer o mesmo para não perder para a concorrência novatos que estão explodindo ou que tendem a explodir nas próximas temporadas.
O teto salarial permitido a cada equipe é de US$ 26,9 milhões. Com o dinheiro que passa a ser ganho por determinados atletas, outros, geralmente veteranos, estão tendo seus salários achatados -cada vez mais aceitam ganhar o mínimo: US$ 272 mil por ano.
Isso acontece mesmo com uma cláusula de exceção do teto salarial: no caso de um atleta, após receber passe livre, renovar com seu atual clube, pode-se ultrapassar o limite. É por isso que o superastro Michael Jordan, do Chicago Bulls, receberá nesta temporada cerca de US$ 31 milhões.
A grande preocupação da liga é impor limites, para evitar que mais times acabem a temporada com o caixa no vermelho, deixando de recuperar, em venda de ingressos, merchandising e cotas de TV, o dinheiro investido em atletas.
Desse modo, a intenção é evitar que o teto salarial possa ser alterado, como no caso como de Jordan.
"Gostaríamos de ver um teto fixo", afirmou Pat Croce, presidente do Philadelphia 76ers.
O sindicato e os empresários de jogadores, por sua vez, querem acabar com o teto -defendem o mercado livre- e prometem confronto. "É claro que a NBA não tem nenhuma dificuldade financeira", disse Billy Hunter, diretor do sindicato dos atletas.
Para exemplificar, ele citou o aumento no valor de franquia das equipes, nos salários dos treinadores e até mesmo no de David Stern, con contrato de US$ 40 milhões por cinco anos.

LEIA MAIS sobre a temporada do basquete americano no especial "Guia da NBA", que circula hoje

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