São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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'O Pacificador' voa para lugar nenhum

LÚCIO RIBEIRO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Maldito Bruce Willis! A culpa também é sua, Mel Gibson!
Há dez anos, os caras implantaram em Hollywood os filmes de ação de tirar o fôlego, com os legais "Duro de Matar" e "Máquina Mortífera". E ainda hoje pagamos o preço de engolir pelo menos um blockbuster do desgastado gênero por ano.
A bola da vez está com esse "O Pacificador" ("The Peacemaker"), que entra em cartaz nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira. O filme é o primeiro a estampar em sua abertura o logo do megaestúdio DreamWorks, de Spielberg.
Estrelado pela dupla George Clooney (da série "Plantão Médico") e Nicole Kidman (a mulher de Tom Cruise), "O Pacificador" não traz nada de novo para quem já assistiu aos recentes "Missão Impossível" (com ele, Tom Cruise) e "O Santo" (Val Kilmer). O papo é o mesmo, só mudam os galãs.
Clooney interpreta um Bruce Willis, ou melhor, um destemido oficial do serviço de segurança dos EUA, chamado ao dever depois que uma localizada explosão nuclear na Rússia pode colocar em risco a paz mundial.
Junto com Nicole Kidman, a cientista da Casa Branca, Clooney parte para o Leste Europeu atrás do que parece ser (e é) mais um caso de terrorismo pesado do que apenas um acidente nuclear.
Um festival de clichês se desenrola até o casal Clooney/Kidman (não, não há tempo para um beijo sequer no filme) perceber que os terroristas têm um alvo para a única bomba nuclear que sobrou de um pacote de dez: o prédio da ONU, no lado leste da rua 44, em Nova York.
Dirigido por Mimi Leder, estreando no cinema depois de celebrados trabalhos à frente da série televisiva "Plantão Médico", "O Pacificador" é mais um exemplo claro de que Hollywood está tendo dificuldade para encontrar vilões no cenário mundial.
Depois do final da guerra fria e do desmantelamento das nações do Leste, está difícil para os EUA arrumar alguém de seu tamanho para brigar.
Mas, mesmo assim, "O Pacificador" se vira. E reúne no mesmo saco russos da Tchetchênia, revoltados da Bósnia e especialistas em bombas iranianos.
Filmado na Eslováquia, Macedônia e em NY, "O Pacificador" torrou mais de US$ 50 milhões em colisões de trens, batalhas de helicópteros, perseguições de carros e em uma simulada explosão de uma bomba nuclear.
Tanto barulho para no fim deixar a mesma mensagem de sempre. "O Pacificador" vem nos trazer a velha história da sublimação dos EUA como potência mundial, capaz de defender os fracos e oprimidos de onde quer que seja em nome da paz do título.
Mas uma coisa é boa em "O Pacificador". Ele parece ter sido feito para decretar o fim desse tipo de cinema de ação. Pelo menos é o que se espera.
Rola em Hollywood que o filme inaugural da DreamWorks frustrou as expectativas porque sugere que o estúdio trabalhou (Work) tão duro para fazer um sucesso de bilheteria que se esqueceu do elemento sonho (Dream).

Filme: O Pacificador
Produção: EUA, 1997
Direção: Mimi Leder
Com: George Clooney, Nicole Kidman
Quando: a partir de hoje, nos cines Gemini 2, West Plaza 4, Cinemark Metrô Tatuapé 1 e circuito

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