São Paulo, sábado, 1 de novembro de 1997
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Juro de carro aumenta 66%

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Comprar carro a prazo fica mais caro e mais difícil a partir de segunda-feira.
Alguns bancos não ligados aos fabricantes de veículos começaram a enviar as novas tabelas de juros ontem à tarde às concessionárias, com taxas entre 4,8% e 5,7% ao mês, quase três pontos percentuais acima dos índices da semana passada.
Manoel de Oliveira Franco, presidente da Acrefi (associação das entidades de crédito), diz que o juro do financiamento de veículos deve subir de 3% para 5%, em média, o que dá um reajuste de 66%.
Além de elevar os juros, os bancos decidiram reduzir o prazo de financiamento -de 42 para 24 meses- e exigir entrada mínima entre 20% e 30%. Os critérios para a aprovação do crédito serão mais rigorosos.
Taxa antiga
Mas quem fechar negócio neste final de semana pode financiar o carro com juros mais baixos -entre 2,8% e 3,3% ao mês nas operações prefixadas. Os bancos das montadoras garantem a taxa antiga até amanhã.
As concessionárias de todas as marcas prepararam campanhas publicitárias para convencer o cliente a comprar o carro neste final de semana, com juro mais baixo.
A partir de segunda-feira novas tabelas também devem ser divulgadas pelos bancos das montadoras, afirma Marcos Moya, presidente da Anef (associação dos bancos das fábricas). Vai haver redução de prazo e aumento da entrada.
"Eles serão obrigados a entrar no mundo real", diz Marco Bonomi, diretor da financeira Unibanco, que liberou as operações de crédito com taxa de 5% ao mês.
A previsão de concessionários consultados pela Folha é que a taxa dos bancos das montadoras fique entre 4% e 5% ao mês.
Reajuste suspenso
Uma das consequências da elevação da taxa de juros foi a decisão da Volkswagen de suspender o aumento de 1% no preços dos carros da marca, previsto para entrar hoje em vigor.
O aumento havia sido acertado desde agosto, quando os veículos sofreram reajuste de 1,75%.
"Não acreditamos que essas taxas se mantenham por muito tempo", diz Paulo Simões, presidente da Assobrav (rede Volkswagen). Mas, segundo ele, "novembro está perdido".
José Carlos Pinheiro Neto, diretor da General Motors e vice-presidente da Anfavea, definiu a decisão do governo de dobrar a taxa de juros como "corajosa e adequada para proteger o Plano Real". Segundo Pinheiro, a GM não pretende rever planos de produção nos próximos 60 dias.

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