São Paulo, sábado, 1 de novembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Juros maiores podem elevar déficit público em R$ 2 bilhões por mês
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
Com juros mais altos, o governo também terá de pagar mais pelos papéis que vende no mercado, o que aumenta o custo da sua dívida. As contas de Velloso foram feitas tomando-se como referência o aumento de uma única taxa de juros, a TBC -taxa básica do Banco Central-, que o governo subiu de 1,58% para 3,05%. A TBC é uma espécie de piso para os juros do over. Normalmente, as taxas praticadas são iguais ou maiores do que a TBC. A Tban, taxa de assistência do Banco Central, é uma espécie de teto. Foi elevada pelo governo de 1,76% para 3,23%. Os juros do over, geralmente, são menores ou iguais à Tban. A referência principal do governo, quando vai vender seus títulos, é a taxa de juros do over. Ele paga aos investidores uma taxa próxima à praticada pelo mercado. Velloso pensou na "pior situação possível": toda a dívida do governo pagaria a TBC de 3,05%. Na realidade, os papéis do governo comprados até anteontem pelo mercado ainda pagam taxas de juros mais baixas. A hipótese de Velloso vai se confirmar quando houver uma substituição de todos os títulos e lançamento de outros. "Não se sabe quanto o Banco Central vai lançar em papéis enquanto esses juros altos estiverem em vigor. Não se sabe também por quanto tempo esses juros vão ficar em vigor. O BC pode repassar parte do prejuízo, inevitável, ao mercado", explica Raul Velloso. Momento oportuno O consultor Raul Velloso vinha, há semanas, tentando calcular o impacto de uma alta real (acima da inflação) das taxas de juros nas contas públicas. Conseguiu terminar o estudo ontem. Já pôde aplicar seu modelo matemático hipotético à realidade. Concluiu que cada alta de um ponto percentual na taxa anual levaria a um aumento no déficit operacional de R$ 1,6 bilhão no período de um ano. O déficit operacional leva em consideração despesas e receitas financeiras e não-financeiras. A alta na TBC, no ano, foi de 20,69% para 43,4%. Fez os cálculos por ano e depois, por mês. Em suas contas, Raul Velloso utilizou os últimos dados oficiais disponíveis sobre a dívida interna total, de agosto, que somava R$ 250 bilhões. Evitando prejuízos "Tenho certeza de que o Banco Central vai tentar minimizar ao máximo os prejuízos para o Tesouro decorrentes do aumento na taxa de juros. Sua atuação tem sido muito elogiada. Mas algum efeito sempre haverá", diz Raul Velloso. Texto Anterior: Foi de; Chega a Próximo Texto: "Um raio nos pegou na piscina" Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |