São Paulo, sábado, 1 de novembro de 1997
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Economista do MIT prevê derrota de especuladores e recessão em 9 meses

ANTONIO CARLOS SEIDL
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O economista alemão naturalizado norte-americano Rudiger Dornbusch, do Massachusetts Institute of Technology, disse ontem que o Brasil, atingido pelo crash global e por altas taxas de juros, vai provavelmente cair em recessão nos próximos nove meses.
Prevendo crescimento zero nos próximos dois ou três meses, Dornbusch disse que a inversão da tendência de redução do nível de atividade ocorrerá "em tempo" para a eleição presidencial do ano que vem.
O economista afirmou ainda que o governo brasileiro vai se manter fiel ao Plano Real mesmo contra ataques especulativos à moeda.
"O Brasil vai ter sucesso porque, internamente, a recessão é aceita em defesa do Plano Real, e uma grande desvalorização é vista como uma idéia muito ruim", disse Dornbusch.
"Mr. Stability"
O banco norte-americano de investimentos Morgan Stanley avalia positivamente a decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de defender a moeda, apesar da possibilidade de a alta dos juros reduzir o crescimento econômico.
"O Brasil tem de adotar uma posição defensiva contra um pano de fundo de volatilidade global", disse à Folha Ernest Brown, economista do Morgan Stanley.
Para o Morgan, isso confirma a alta prioridade dada por Fernando Henrique à manutenção da estabilidade da moeda. Segundo Brown, a redução do crescimento não terá consequências políticas negativas para a reeleição de FHC.
Ele disse acreditar que o presidente Fernando Henrique Cardoso será reeleito como "Mr. Stability" (Senhor Estabilidade) e não como "Mr. Growth" (Senhor Crescimento).
"O presidente está bem nas pesquisas de popularidade e é, com justiça, intimamente identificado com a estabilidade e a baixa inflação. Acreditamos que ele será definitivamente reeleito no ano que vem."
A estimativa do Morgan para a taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas do país) brasileiro é de 3% em 1998. Isso, segundo o banco, permitirá a queda da inflação para 5,5% no ano que vem.
O Morgan Stanley acaba de pagar um "pedágio" de R$ 3 milhões para constituir uma sociedade distribuidora de títulos e valores no Brasil.
Segundo Brown, o Morgan Stanley continua otimista em relação ao Brasil.
"Estamos dizendo aos nossos clientes que o Brasil é um país que passa por um momento muito importante de sua história, que vai se defender com sucesso de possíveis ataques e que vai continuar a apresentar grandes oportunidades de investimentos."

Colaborou Antonio Carlos Seidl, da Reportagem Local

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