São Paulo, sábado, 1 de novembro de 1997
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Morre Samuel Fuller, o cineasta da agonia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O cineasta norte-americano Samuel Fuller morreu na última quinta-feira, em sua casa em Los Angeles.
O diretor tinha 86 anos. Segundo Jim McBride, também cineasta e amigo de Fuller, a morte ocorreu por causas naturais. A notícia foi dada pelo jornal "Los Angeles Times".
Até há pouco tempo, Fuller vivia na França e há alguns anos sofreu um derrame cerebral.
Samuel Fuller nasceu em 1912 e chegou ao cinema em 1949, com "Matei Jesse James". O filme é um faroeste sobre um mítico bandido da América selvagem, em que ressalta a violência, a honra e o heroísmo.
Uma entrada em cena que serviu como uma carta de intenções e resumo de sua trajetória até a chegada dos filmes em sua vida.
Fuller começou a carreira no jornalismo aos 17 anos. Apenas quatro anos depois já havia se tornado um especialista na cobertura dos crimes mundanos da cidade de Nova York.
Durante os anos da depressão, percorre o país pegando caronas clandestinas em trens. Havia se tornado um vagabundo.
Escreveu vários contos, sempre com o crime e suas motivações como tema. Em 1938, colabora no roteiro de "Gangs of New York".
Na década de 40, os EUA se engajam na Segunda Guerra e Fuller é convocado em 1942. Combate na África do Norte, na Sicília, Normandia, Bélgica e Alemanha.
A experiência lhe renderia, anos depois, "Agonia e Glória" ("The Big Red One"), filme que dirigiu em 1980.
Mas essa não foi sua primeira experiência em transpor para o cinema sua aventura de soldado.
Um ano após "Matei Jesse James", filmou "Capacete de Aço" ("The Steel Helmet"). Em 1951, "Baionetas Caladas" ("Fixed Bayonets").
Fascista
Rapidamente, Fuller se incorporou ao esquema de produção dos chamados filmes B: pouca verba, atores que não eram estrelas e condições sofríveis de trabalho.
Durante as décadas de 50 e 60, realiza obras que hoje são consideradas clássicas: "Casa de Bambu" ("House of Bamboo", 1955), "O Quimono Escarlate" ("The Crimson Kimono", 1959), "Paixões que Alucinam" ("Shock Corridor", 1963) ou "O Beijo Amargo" ("The Naked Kiss", 1964).
Em 1982, abandonou os EUA para morar na Europa em consequência das acusações que sofreu depois do lançamento de "The White Dog".
Grande parte do resgate crítico de Fuller se deve aos críticos e diretores franceses que circulavam na revista "Cahiers du Cinéma" -membros do movimento da nouvelle vague.
Chegou a atuar em "O Demônio das Onze Horas" ("Pierrot le Fou", 1965), de Jean-Luc Godard. Fuller fazia o papel de si mesmo. Seu último trabalho foi um filme policial realizado na França.

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