São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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Troca de acusações antecipa a campanha

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE; DA REPORTAGEM LOCAL

O lançamento da candidatura à reeleição do governador Miguel Arraes (PSB), feito na semana passada pelo seu neto Eduardo Campos, deu início a uma troca de acusações pesadas que antecipam o clima da campanha eleitoral do próximo ano.
O baixo nível verbal começou a ser promovido por assessores e políticos ligados a Arraes e ao ex-prefeito Jarbas Vasconcelos, candidato da aliança PMDB-PFL. A disputa é travada pelos jornais e rádios de Recife.
Os aliados de Arraes tentam carimbar Vasconcelos, político que costuma rir muito pouco, como um candidato raivoso e de temperamento agressivo.
Por conta desse comportamento, os adesivos de lançamento da campanha à reeleição do governador trazem as inscrições "Arraes 98", "Pernambuco não será governado pelo ódio" e "Vamos trabalhar por Pernambuco, sem ódio e sem pessimismo".
Além dos adesivos, aliados de Arraes fazem piadas, divulgando que o bairro onde mora Jarbas Vasconcelos terá vacinação anti-rábica -contra a raiva.
A assessoria do candidato do PMDB-PFL também não economizou no ataque. Divulgou que Miguel Arraes e o seu neto Eduardo Campos, secretário estadual da Fazenda, não poderiam mais passear na Ilha de Itamaracá, pois corriam o risco de ficar detidos.
A ilha, localizada na região metropolitana de Recife, possui uma penitenciária e um presídio.
As acusações, no mesmo teor, têm como palco a tribuna da Assembléia Legislativa, onde governo e oposição travam a disputa da privatização da Celpe, a companhia de energia de Pernambuco (leia texto na à pág. 1-12).
Precatórios
Para os adversários de Arraes, um dos principais motes eleitorais será a polêmica dos precatórios.
"O governador e o neto (Eduardo Campos) cometeram crimes que precisam ser explicados durante a campanha", disse à Folha a deputada estadual Tereza Duere, líder do PFL na Assembléia Legislativa de Pernambuco.
A administração de Arraes foi acusada, durante a CPI dos Precatórios, de desviar recursos obtidos com a finalidade de pagar precatórios (sentenças judiciais) para outros objetivos.
Na sua defesa, o governador disse que todo o processo da venda de títulos contou com a aprovação da Assembléia e do Tribunal de Contas do Estado.
Blefe
Para parte dos aliados da coligação PMDB-PFL, o lançamento da candidatura de Arraes à reeleição ainda é visto como um blefe, uma forma de paralisar o processo de adesão de políticos ao grupo de Jarbas Vasconcelos, apontado até então como favorito.
Antes do lançamento de Arraes, o senador Carlos Wilson (PSDB) era apontado como um possível adversário do ex-prefeito de Recife, embora enfrentasse resistência entre os próprios tucanos que preferem seguir com o PFL e o PMDB.
Com o anúncio de medidas e promessas que podem ajudá-lo na tentativa de emplacar o quarto mandato (leia quadro nesta página), Miguel Arraes mudou o cenário que já apontava Jarbas Vasconcelos como virtual eleito em 98.
O governador vai tentar consolidar o prestígio na área do sertão, onde é festejado como mito. Uma das promessas é levar "luz" aos grotões e elevar de 55% para 80% o percentual de propriedades rurais com eletrificação no Estado.
Para a região metropolitana de Recife, reduto de Vasconcelos, o governo anunciou um pacote de obras.

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