São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
Texto Anterior | Índice

De folga, chefe italiano troca massa por tutu

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O chefe alemão vai ao restaurante japonês, o italiano come tutu de feijão, o francês adora mandioquinha frita e o japonês, churrasco, como a maioria dos brasileiros.
Dez chefes de cozinha estrelados de São Paulo contaram para a Folha o que comem quando estão de folga, geralmente aos domingos.
"Gosto de comida asiática, especialmente a japonesa", diz o alemão Deff Haupt, 31, do restaurante Cantalupe. Ali, a vedete é a galinha d'angola com foie gras.
Como Haupt, que prefere comer no dia de folga algo completamente diferente do que faz no cotidiano, o italiano Luciano Boseggia, 49, do Fasano, troca os ristotos e pastas por feijão.
"Adoro o tutu à mineira que minha mulher faz, com carne seca e couve", diz Boseggia.
Já o francês Erick Jaquin, 32, do Le Coq Hardy, especializado em comida francesa clássica, prefere a comida brasileira caseira.
"Costumo procurar no interior lugares onde posso comer, por exemplo, mandioquinha frita, com carne e farofa", explica.
Seu conterrâneo Laurent Suaudeau gosta de coisas "simples".
"Em casa, como salada verde com carne assada", diz o criador de pratos como a coxa de faisão com risoto de vinho e tamarindo.
Quanto mais elaborado é o prato que o chefe prepara no dia-a-dia, mais primitivo (como churrasco) parece ser sua preferência na folga.
"Gosto de baby beef com batata suflê (frita). É sangue nas veias para repor as energias", explica Carla Pernambuco, 38, do Carlota, que costuma servir cavaquinha com espaguete de legumes, curry tailandês e purê de batata-baroa.
"Churrasco é um prato que não dá para reproduzir", diz Carlos Siffert, 32, do Tambor, que, como Carla, é freguês do Rubayat. A especialidade de Siffert é o pato fatiado com molho de mel e gengibre.
Outro fã de churrasco é o sushiman George San, 35, do Kosushi, que costuma frequentar a churrascaria Novilho de Prata.
"Adoro picanha ao ponto e costelinha de porco", diz San, cujo estômago acostumado à fácil digestão dos peixes crus não estranha.
"Não sinto peso, mas também não como mais nada o resto do dia, só tomo água", conta.
Sem temer o peso de um bom rodízio, o italiano Manuel Mattei, 27, do Bice, manda brasa.
"Gosto de picanha e de todos os acompanhamentos: farofa, banana frita, polenta etc.", diz Mattei, que serve no Bice pratos da cozinha mediterrânea, como risoto com frutos do mar.
Um dos quatro brasileiros da lista, Alex Atala, 30, do Filomena, foge da carnificina e cai no besteirol.
"Adoro a pizza do Camelo e o cheese salada do América", diz Atala, que passa a semana preparando pratos como foie gras com purê de mandioquinha, vinagre balsâmico e molho de baunilha.
Ainda no time dos loucos por um "sanduba" está o francês Emmanoel Bassoleil, 36, do Roanne, que não esquece as origens.
"Muito bom o sanduíche de carneiro no pão sírio (kebab) do bar do Max, na Barão de Capanema. Igual aos que se comem em Paris".

Texto Anterior: O QUE VOCÊ LEVA NO SEU SACO DE MALDADES?
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.