São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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No início, senadora fez carreto em feiras

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Hoje, a carioca Benedita Souza Silva Sampaio é senadora. Foi eleita pelo PT em 1994 para um mandato que acaba em 2002. Em seus 55 anos de vida, ela parece ter se especializado em quebrar tabus.
O mais recente: foi a primeira mulher negra a eleger-se deputada federal, em 1986. A reeleição para a Câmara Federal veio em 1990, pelo mesmo partido, o PT.
Mas desde a infância já mostrava essa disposição. Aos 9 anos de idade, fazia carreto em feiras livres -foi sua primeira atividade remunerada. Diz que "as meninas eram discriminadas".
"As pessoas pagavam 20 centavos para os garotos, e eu só conseguia ganhar 15 centavos, depois de muita conversa", contou.
Benedita nasceu na antiga favela do Pito, no Rio de Janeiro, e ainda pequena mudou para o morro do Chapéu Mangueira, no Leme, onde mora até hoje.
Seu primeiro emprego com registro profissional foi aos 11 anos, numa fábrica de bolsas e cintos. Ganhava meio salário mínimo, mas foi demitida aos 14 anos porque atingira a idade de ser registrada como um trabalhador adulto.
Doméstica
Pouco antes de partir para a fábrica, foi ajudante de empregada doméstica, sem registro ou salário. O pagamento eram roupas usadas.
Próximo ao poder ela só chegava quando entregava roupas que sua mãe lavava para fora. Um dos clientes era o ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Aos 14 anos, empregou-se como arrumadeira e copeira em uma casa de família. Acabou virando "empregada de forno e fogão", ao substituir a cozinheira que faltara.
Alternativamente, fazia bicos: vendia salgados, roupas e cosméticos, de porta em porta, ou arrematava legumes e frutas nos finais de feira livre para vender.
Seu segundo emprego formal foi de servente escolar. Investiu o salário em cursos de datilografia e de auxiliar de escritório. Com isso, foi para o Departamento de Transporte do Estado do Rio de Janeiro, como auxiliar de enfermagem.
Nos finais de semana, era estagiária na Associação do Moradores do Morro do Chapéu Mangueira. Lá, se tornou líder comunitária e deu início à carreira política.
Em 1982, foi eleita vereadora pelo PT e passou a ganhar um salário que era dez vezes mais do que ganhava como funcionária pública.
"Passei a pagar Imposto de Renda, gastar dinheiro com gasolina e comprar outros tipos de comida." Nessa época, Benedita também conseguiu concluir o curso superior de assistente social. Agora prepara-se para disputar o Governo do Rio de Janeiro, em 98.

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