São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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Pesquisas com medicamentos voltam a acender controvérsias

DA "NEW SCIENTIST"

A controvérsia que cerca a homeopatia voltou a se acirrar com a publicação de uma nova análise que indica que os remédios homeopáticos funcionam melhor do que placebos.
Na medicina homeopática, os pacientes são tratados com soluções medicamentosas tão diluídas que, muitas vezes, nem uma única molécula da substância dissolvida permanece nelas. Essa idéia contraria totalmente as teorias aceitas nos campos da física, química e medicina.
Num artigo divulgado na revista médica britânica "The Lancet" em setembro, cientistas dos EUA e da Alemanha, entre eles Wayne Jonas, diretor do Setor de Medicina Alternativa dos Institutos Nacionais de Saúde, em Bethesda, Maryland (nordeste dos EUA), testaram as alegações de homeopatas, combinando os dados produzidos por 89 experimentos de homeopatia publicados.
Os pesquisadores utilizaram diversas técnicas estatísticas para abranger os diferentes tipos de predisposição, incluindo a "predisposição de publicação", que faz com que um estudo que confirma o valor da homeopatia tenha probabilidade maior de ser publicado do que outro que dê resultados negativos. Eles concluíram que, tomando a análise como um todo, a homeopatia clínica funciona melhor do que placebos. Mas não encontraram evidências suficientes para afirmar que a homeopatia ajuda a tratar qualquer condição clínica dada.
Suas conclusões são rejeitadas por outros cientistas. Michael Langman, especialista em testes clínicos na Escola de Medicina da Universidade de Birmingham, argumenta que não existe nenhum método confiável para levar em conta a predisposição de publicação. "É preciso dar um palpite", diz ele. Langman também reclama do fato de que muitos dos estudos revistos por Jonas e seus colegas não dirigiram pacientes aleatoriamente para grupos de tratamento e grupos que receberam placebos, enquanto outros não seguiram os protocolos "duplo-cego" (um teste feito com dois grupos de pessoas, em que um dos grupos recebe um medicamento e o outro grupo recebe outra coisa, mas nem os pacientes nem o médico sabem quem está em qual grupo).

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