São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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Bodas de Prata do tango

XICO SÁ

"O Último Tango em Paris" faz 25 anos. Festa para nós que precisamos sempre de uma bela efeméride ou de uma tese polêmica para ampliar a eloquência e a capacidade de embriaguez das nossas tequilas, bourbons e similares.
Muitos leitores dessa prosa-com-testosterona sequer haviam nascidos. As margarinas ainda não tinham polissaturados, e a Holanda fazia a melhor manteiga.
O ano era 1972: tempo de funk, protesto, drogas recreativas e sexo sem camisinha. E lá estava Marlon Brando, que saiu para procurar um apartamento e encontrou Maria Schneider. (Isso é que é classificado de imóvel).
No vácuo entre a angústia (ele era um viúvo americano perdido em Paris) e a fome de viver (ela guardava alguma fé no bolso de dentro do casaco), os dois protagonizaram a cena que abalaria a moral e os bons costumes de meio mundo de gente.
Sexo anal sobre o taco da sala vazia. A famosa cena da manteiga faz Bodas de Prata. Vale celebrar, afirma Pereira, meu amigo de efemérides e noites perfeitas. Vale até abrir champanhe, se o bolso permitir o estrago.
Era a realização de um sonho do diretor Bernardo Bertolucci: narrar um denso relacionamento que fosse baseado puramente no sexo. O grau zero da pele.
Disponível em vídeo, a fita é uma lição de firmeza para completar a biografia de qualquer um. Seja você um Marlon Brando ou o mais notável advogado da chamada beleza interior.
"O Último Tango em Paris", cá entre nós ignorantes, devia fazer parte do currículo de 2º Grau no mundo inteiro. Educação sentimental para as massas.
E ainda bem que o filme foi rodado na época certa. Num tempo tão neoliberal como hoje, a tal mão invisível do mercado seria capaz até de fazer merchandising da marca da manteiga ou margarina.

e-mail: xico@uol.com.br

ONDE ENCONTRAR - "O Último Tango em Paris"(1972), filme de Bernardo Bertolucci, com Marlon Brando e Maria Schneider. Disponível nas locadoras.

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