São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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Candidatas tentam "realizar um sonho"

LEANDRO FORTINO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Chorei tanto quando soube a relação candidato/vaga. Não imaginava haver tanta gente prestando para a academia da PM", lamenta Marisa Ferreira da Rocha, 18, que escolheu o curso por admirar o trabalho da PM.
Mas, para garantir um diploma, também estará prestando publicidade e jornalismo. "Espero nunca precisar cobrir escândalos de corrupção da PM."
A vontade de ser policial fez com que Elaine Lima Nogueira, 23, abandonasse a faculdade de matemática e voltasse a fazer cursinho após descobrir a reabertura este ano das vagas no Barro Branco.
"Meu namorado está no 1º ano do curso e me falou sobre as aulas e regras", diz ela.
Só não explicou como vai ser o namoro dentro da academia. "Acho que o relacionamento terá de ser uma coisa muito discreta", diz ela, que está consciente do caráter rigoroso da escola.
Além de trabalhar e estudar muito, Elaine está se preparando para os testes físicos. "Chego a casa às onze e meia da noite, estudo mais um pouco entre meia-noite e uma da manhã e acordo às cinco para fazer flexões e abdominais."
Quem também está querendo entrar em forma é a candidata Roseli Aparecida do Nascimento, 23, que cursou dois anos de letras. "Minha mãe tem muitos aparelhos de ginástica em casa, e tenho treinado com ela quatro vezes por semana nos últimos três meses. Como nunca gostei muito de exercício, a preparação acaba sendo boa para a saúde", confessa.
Apesar de receber cerca de R$ 500 por mês e ter emprego garantido no futuro, o objetivo dessas vestibulandas não é a estabilidade. É realizar um sonho.
"Quero provar que a PM não é corrupta. As pessoas costumam generalizar os erros de alguns policiais, mas esquecem que existem maus profissionais em todas as áreas", reclama Roseli. "A PM está na rua para ajudar."

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