São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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Sevilha precisa ser descoberta andando

AZENI PASSOS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Sevilha é uma herança autêntica e majestosa deixada pelos árabes. Mais do que isso, é uma cidade que, além da riqueza artística, tem vibrante fisionomia urbana.
A personalidade do sevilhano, evidente na música e dança flamencas, no fervor religioso e mesmo na linguagem, é formada por elementos que se entrelaçam e fazem de Sevilha uma cidade única.
Percorrer as ruas da cidade a pé não é cansativo. Pelo contrário, é gratificante e proveitoso, ajuda a conhecer os costumes e o dia-a-dia dos sevilhanos e, também, a reconhecer as fortes marcas e influências deixadas pelo conquistador.
Poética, Sevilha é tão rica em particularidades que precisa ser descoberta andando, sem pressa.
Mas, se você for a Sevilha no alto verão (maio a setembro) -quando as temperaturas ultrapassam 40°C-, é recomendável alugar uma charrete nas proximidades da catedral gótica La Giralda.
Mas não se esqueça de pechinchar antes de pagar, pois os preços não são muito convidativos.
No bairro de Santa Cruz, onde estão concentrados os monumentos mais conhecidos, comece pela catedral La Giralda: uma torre com uma coroa cristã, cujos sinos servem de guia para os sevilhanos.
São poucas as cidades com monumentos tão singulares como essa catedral. Ela foi edificada sobre pedras romanas a partir de 1184. Reza a lenda que Cristóvão Colombo estaria enterrado nela.
Foi entre 1558 e 1568 que o arquiteto cordovês Hernán Ruiz deu forma definitiva ao coroamento da torre, que foi chamado vulgarmente de "giraldillo", daí o nome Giralda, dado ao conjunto que tem 98 metros de altura.
Andar andaluz
No caminho do andarilho despontam belas praças e bares com cafés nas calçadas. A tranquilidade é a de uma cidade bucólica.
Conheça os Reales Alcázares: palácios cheios de lembranças medievais e com jardins gigantescos.
Herança deixada pelos árabes, os Reales Alcázares foram sucessivamente ampliados e reformados nas épocas de Alfonso 11º, de Pedro 1º, dos reis católicos e de Carlos 5º. No interior, estão os pátios das Donzelas e das Bonecas. Nos salões, vale ver o dormitório dos reis mouros e o oratório dos monarcas católicos.
Vale ainda bisbilhotar o Arquivo das Índias, que mostra, com documentos, o papel de Sevilha na colonização do Novo Mundo.
A noroeste há uma infinidade de becos tortuosos. As casas brancas desse labirinto urbano têm fachadas com balcões e pátios floridos, uma herança romana e oriental que é, ao mesmo tempo, genuína e típica da criatividade andaluza.
Foi na Santa Cruz do século 17 que viveu Murillo, expoente da pintura espanhola. Seu contemporâneo, o barroco Juan de Valdés Leal decorou o hospital de los Venerables com afrescos.
Mais ao norte, está a rua das Sierpes, grande artéria comercial sevilhana. As praças que a rodeiam, como a do Salvador, serviram de cenário para textos de Cervantes.
Ainda nos arredores, chama a atenção a ornamentada fachada e o interior da prefeitura, junto da Casa de Pilatos, considerada uma jóia da arquitetura palaciana.
No trajeto, vale passear pelas margens do Guadalquivir e ver a silhueta do monumento Torre del Oro refletida nas águas do rio.

LEIA MAIS sobre Sevilha nas págs. 7-13 e 7-14

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