São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997
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Pesquisador quer coquetel quádruplo

FABIANO ALCÂNTARA
DA FOLHA CAMPINAS

O pesquisador inglês Graeme Moyle, 34, defendeu a adoção de um "coquetel" quádruplo em pacientes com Aids.
Durante palestra de abertura do 1º Congresso da Sociedade Paulista de Infectologia, em Campinas (99 km de São Paulo), Moyle defendeu a nova metodologia de tratamento em pacientes com quadro avançado da doença.
Atualmente, o chamado "coquetel" envolve três medicamentos: dois inibidores de transcriptase (mutação viral) e outro de protease (enzima que permite a multiplicação do vírus).
Segundo Moyle, o uso de mais um inibidor de protease e a sequência de medicamentos aumentaria a resistência do infectado e ampliaria o tempo de vida do portador do vírus.
"Hoje em dia, a combinação de três medicamentos projeta uma expectativa de vida de dois a três anos. Esperamos que o paciente viva de 15 a 20 anos para que ele morra de velhice", disse.
O pesquisador alertou para uma nova categoria de vírus "especialistas", detectados na população de portadores do sul da Espanha.
A Secretaria de Estado da Saúde determina a administração do medicamento em portadores com pelo menos 10 mil cópias.
"Não devemos ter uma atitude branda, porque o vírus nunca é brando com os nossos pacientes."
O professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e presidente do congresso, Rogério de Jesus Pedro, 52, disse que os números são um alerta para a necessidade do tratamento combinado e específico a cada região.
O tratamento combinado, defendido por Moyle, consiste na substituição de remédios durante o tratamento para que o paciente não se torne imune ao "coquetel".
Segundo o professor do departamento de moléstias da Unifesp, Antônio Carlos Pignatari, 44, o desenvolvimento de novos medicamentos está mudando o panorama do combate ao vírus.
"O médico fica com mais opções para o tratamento, mas a grande preocupação é criar um vírus multirresistente", disse.
Segundo o professor, a administração do tratamento quádruplo é discutível. Para Pignatari a inclusão de mais um medicamento no "coquetel" aumentaria um terço o custo do tratamento. Segundo ele, o gasto médio com cada paciente é R$ 1.200.

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