São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997
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Atraso de verbas provoca falta de AZT

AURELIANO BIANCARELLI
e LUCIA MARTINS

AURELIANO BIANCARELLI; LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Saúde recebe pedido de reposição de remédio anti-HIV dos Estados de MG, RS e SC e tem de remanejar droga

O Ministério da Saúde recebeu o primeiro aviso de escassez de medicamentos anti-HIV no país. Está faltando AZT oral (para uso infantil) em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O ministério já conseguiu remanejar remédios de estoques de outros Estados para suprir a necessidade de Minas Gerais. O mesmo deve ser feito no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
A falta de AZT oral é o primeiro sintoma da falta de verba para a compra dos remédios que combatem a multiplicação do vírus no organismo dos doentes. Por isso, a única solução encontrada pelo ministério foi o remanejamento.
Hoje, o ministério compra e distribui a maioria dos remédios usados internacionalmente -que formam o chamado coquetel anti-Aids (leia texto ao lado). O problema é que a última verba que o Programa Nacional de DST/Aids recebeu foram R$ 50 milhões para repor o estoque de outubro.
O dinheiro não foi suficiente para todos os remédios. Além disso, os R$ 120 milhões necessários para pagar os medicamentos até o fim do ano não chegaram.
A previsão é que o problema se agrave no ano que vem. No orçamento de 98 para a compra dos antiretrovirais, há R$ 225 milhões. Mas, pelas contas de Pedro Chequer, do programa de Aids, são necessários R$ 750 milhões.
A interrupção no uso combinado das drogas pode criar resistências, facilitando o surgimento de vírus mais fortes.
No Rio Grande do Sul, o Gapa entrou com uma representação na Procuradoria Geral da República alertando para a falta do AZT infantil. Segundo Sérgio D'Ávila, secretário-geral do Gapa gaúcho, o Estado ficou sem ddI por 30 dias.
Em São Paulo, onde o governo do Estado afirma que o estoque está garantido até dezembro, o Fórum de ONG-Aids se reúne na sexta-feira para decidir o que fazer.
José Carlos Veloso, presidente do Gapa paulista, diz que as ONGs deverão organizar um movimento de reação aos cortes de verbas do Ministério da Saúde.
Mario Scheffer, do Grupo pela Vidda e do Conselho Nacional de Saúde, diz que há dois meses os Estados vêm socorrendo uns aos outros, emprestando medicamentos.
Segundo ele, há pacientes se mudando para São Paulo para conseguir remédios. "A demora na liberação das verbas pode provocar falta de remédios em todo o país."

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