São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997
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Prefeitos revitalizam metrópoles e se reelegem

DO "LE MONDE"

As eleições municipais que terão lugar nesta terça em 223 cidades dos EUA trazem à tona um fenômeno novo num país cujas metrópoles foram devastadas, durante duas décadas, pela recessão e por conflitos raciais.
Estimuladas pelo crescimento econômico e revitalizadas por uma nova geração de prefeitos, de Nova York a Los Angeles, as grandes cidades norte-americanas estão de volta, acolhendo pequenas e médias empresas em grande número, controlando a criminalidade e reconstruindo seus antes devastados bairros centrais.
Ao mesmo tempo em que a classe política federal, em Washington, às vezes dá a impressão de estar perdendo fôlego, os prefeitos, no nível municipal, andam dando provas de imaginação, dinamismo e agilidade, e assim se fazem reeleger sem dificuldades.
É o caso, obviamente, de Rudolph Giuliani em Nova York, mas também de Richard Riordan em Los Angeles, Richard Daley em Chicago, Ed Rendell na Filadélfia, Michael White em Cleveland, Dennis Archer em Detroit, Steven Goldsmith em Indianápolis, Bob Lanier em Houston, Thomas Menino em Boston, Kurt Schmoke em Baltimore ou John Norquist em Milwaukee.
O fato de serem democratas ou republicanos não chega a fazer grande diferença -eles integram a corrente centrista de um dos partidos (dos quais, aliás, se mantêm extremamente independentes) e costumam trabalhar em estreita cooperação com os governadores ou os Legislativos do partido oposto em seus Estados.
O democrata John Norquist, por exemplo, forma uma dupla notável com o governador republicano do Wisconsin, Tommy Thompson, em duas questões cruciais: a reforma da Previdência Social e a da "opção escolar", pela qual as famílias podem beneficiar-se de bolsas de estudo públicas para matricular seus filhos nas escolas de sua escolha.
Esses prefeitos também trocam experiências. Rudolph Giuliani, por exemplo, gosta de citar o exemplo de seu colega de Chicago para explicar a reforma do sistema de ensino que pretende implementar.
Seus métodos questionam 30 anos de administração municipal: redução da burocracia, abertura ao capital privado, introdução da concorrência para os serviços municipais, redução dos déficits orçamentários, flexibilidade com relação à imigração, privatização da assistência social, reforço dos efetivos da polícia e redução da criminalidade.
As grandes cidades abriram seus braços para as pequenas e médias empresas, muitas vezes criadas por imigrantes, que estão revitalizando bairros que estavam abandonados.
Em Los Angeles, por exemplo, coreanos, hispânicos e chineses abriram no centro da cidade um número impressionante de oficinas de costura e uma plataforma de importação de brinquedos.
Em Detroit, Dennis Archer cortejou com paciência o empresariado branco para criar parcerias com a prefeitura, convencendo-o a reinvestir na cidade.
A cidade de Cleveland, antes tão poluída que o rio que a atravessa chegou a pegar fogo, recuperou seu antigo orgulho.
O centro da cidade, onde hoje se erguem um estádio de beisebol novo em folha e o magnífico museu do rock construído pelo arquiteto I.M. Pei, é dos mais animados.
Os imóveis na região se valorizaram em 43% desde 1989, e o ritmo de criação de empregos dobrou entre 1990 e 1995.
Vários desses prefeitos -Michael White, em Cleveland, Dennis Archer, em Detroit, Bill Campbell, em Atlanta, Norman Rice, em Seattle- são negros na casa dos 40 anos que sucederam a uma primeira geração de prefeitos negros, saída do movimento pelos direitos civis.
Sua missão é diferente da de seus predecessores: pioneiros num contexto político difícil, estes tinham um poder a estabelecer, poder que, em alguns casos, concebiam como uma revanche sobre o establishment branco que os excluiu.
Seus sucessores, mais pragmáticos e representantes da nova classe média negra, adotam hoje uma atitude mais conciliadora e aberta.

Tradução de Clara Allain

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